Atuação do BNDES foi importante na negociação da Volkswagen, diz professor

25/09/2006 - 11h01

Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro (Brasil) - A participação do BancoNacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nas negociações comtrabalhadores e direção da Volkswagen foi importante e certamente contribuiupara a mudança na decisão da empresa de fechar uma unidade de São Bernardo do Campo(SP), e demitir 3.600 pessoas.A avaliação é do professorde economia da Universidade de Campinas (Unicamp), Márcio Pochmann. Ele lembrouque o BNDES não é uma instituição qualquer, que se atenha exclusivamente àrentabilidade dos recursos a serem aplicados.“O BNDES é uma somatória deações com recursos públicos. A base dos financiamentos do BNDES provém do Fundode Amparo ao Trabalhador (FAT). Não há duvida de que as decisões do bancotambém têm que ter como objetivo questões de âmbito nacional”, disse ementrevista ao Programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.Para o professor, anegociação entre trabalhadores e direção de empresas é razoável e adequadaquando se trata de discussões referentes à questão salarial ou à renovação doacordo coletivo de trabalho. Neste caso, segundo informou, não faz sentido oEstado interferir.Ele acrescentou, no entanto,que quando as questões são mais abrangentes e tratam de decisões deinvestimentos de uma empresa ou de exportação e de importação e de nível de emprego,as negociações costumam ser feitas em comissões mais amplas do que as queenvolvem apenas trabalhadores e a própria empresa.“Na instalação do setorautomobilístico no Brasil, na segunda metade dos anos 50, tínhamos gruposexecutivos cujo objetivo era tratar das questões mais amplas para a instalaçãodo setor. No início dos anos 90, quando tivemos uma grave recessão, com reduçãodo nível de atividade no setor industrial e no número de empregos, também,foram constituídas as câmaras setoriais que tiveram resultados importantes paraaquele momento”.Na avaliação do economista,seria fundamental que a negociação com o setor automobilístico incluísse toda acadeia produtiva e que pudesse, além de trabalhadores e das empresas, ter apresença do governo.O professor citou comoexemplos, Coréia, Índia e China, onde a condução das políticas industrial ecomercial é mais ampla. “Os governos desses países têm um papel decisivo emcombinar as decisões da grande empresa e dos seus trabalhadores, objetivandonão apenas atender os interesses estritos dos trabalhadores, mas os objetivosnacionais”.