CNI reduz projeção de crescimento econômico para 2006

22/09/2006 - 0h30

Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Confederação  Nacional  da Indústria (CNI) reduziu em quase um ponto percentual a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas no país) em 2006: a estimativa feita em junho, de 3,7% de alta ante 2005, caiu agora para  2,9%. Em relação ao PIB industrial, a projeção foi recalculada dos 5% para 3,5%. "Tratam-se de taxas de crescimento compatíveis com o cenário de recuperação moderada da atividade econômica", afirma o boletim Informe Conjuntural, divulgado hoje (21).A CNI aponta a carga tributária - hoje em 37,37% do PIB -, oselevados gastos públicos, os juros altos e a valorização do real frenteao dólar como os principais fatores de desaceleração da economia. "A carga tributária elevada é conseqüência de um padrão de gastos públicos que, ao aumentar continuadamente, limita o crescimento. Compreender que esse é o fator maior que restringe o crescimento no Brasil é o passo mais importante para colocar o crescimento como prioridade", diz o boletim. Sobre os juros, o documento ressalta que apesar da queda de 5,5 pontos percentuais entre setembro do ano passado e agosto deste ano, "descontada a inflação esperada em 12 meses, a taxa real permanece aproximadamente 0,5 ponto percentual acima do valor observado em setembro de 2004", quando a taxa real era de 9,3% ao ano. A atual taxa real de juros é, segundo o texto, outro fator inibidor da economia. Como a projeção de inflação para o ano está dentro da meta de 4,5%, o boletim da CNI diz acreditar que a Selic deva chegar a dezembro em 13,5% ao ano e que os juros reais devem cair, o que contribuiria para uma retomada dos  investimentos. Com juros baixos e inflação sob controle, a previsão é de que o consumo das famílias deverá crescer 4,3% em 2006, na comparação com 2005. Esse crescimento também "é beneficiado pela ampliação do crédito com juros mais baixos e pelo aumento da renda, seja de rendimento real do trabalho ou de benefícios transferidos pelo governo", segundo o documento.O boletim da CNI acrescenta que essa demanda interna manterá as importações aquecidas, com crescimento de 15,5% neste ano, em comparação com o ano passado.