Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Nos últimos três anos, a Região Norte foi a menos beneficiada por investimentos do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) nos chamados arranjos produtivos locais (APLs). No geral, o Norte recebeu apenas 6% dos recursos disponíveis para incentivar a inovação tecnológica entre pequenos produtores. A informação foi divulgada hoje (20), em Manaus, pelo secretário de Inclusão Social do MCT, Aniceto Weber, na abertura do 1º. Seminário de Arranjos Produtivos Locais e o Desenvolvimento Regional. Segundo ele, os investimentos na Região Norte diminuíram nos últimos três anos: em 2003, foram R$ 939 mil (para um total de 8,64 milhões investidos no país inteiro) e, em 2004, R$ 553 mil (para R$ 7,41 milhões). No ano passado, a região não recebeu sequer R$ 0,01 dos R$ 8,08 milhões aplicados na área.Weber definiu arranjos produtivos locais como conglomerados de agentes econômicos (produtores) que estão localizados em um mesmo território e realizam atividades complementares. O secretário de Produção Rural do Amazonas, Edson Barcelos, afirmou que as diretrizes básicas para o sucesso desses arranjos são a organização dos produtores e da produção, o compromisso no uso dos recursos naturais e a inclusão tecnológica (incluindo a geração e a transferência de conhecimento).“A população da Amazônia está vivendo na maior biodiversidade [variedade de organismos vivos] do mundo, mas é extremamente pobre”, afirmou Barcelos. “Os desníveis regionais nem sempre são lembrados no Brasil. O Centro-Sul do país prefere se comparar à China, à Índia ou à Rússia”, ressaltou o secretário executivo da Associação Brasileira de Instituições de Pesquisa Tecnológica (APIPT), Lynaldo Albuquerque. Para o diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Odenildo Sena, o debate sobre as iniciativas de arranjos produtivos locais é importante para melhorar a avaliação dos projetos e garantir mais segurança aos investimentos públicos. A opinião foi compartilhada pelo gerente de Estudos Econômicos e Relações Institucionais do Banco da Amazônia (Basa), Oduval Lobato Neto. “É preciso cooperação e co-responsabilidade para que as ações de desenvolvimento local tenham sucesso na Amazônia”, afirmou Neto. A secretária-geral de Arranjos Produtivos Locais do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, Margarete Gandini, lembrou que existe, no âmbito do governo federal, um grupo de trabalho (GT) permanente sobre APLs. Instituído em 2004, o GT conta com a participação de 33 instituições governamentais e não-governamentais. "São 11 ministérios reunidos”, informou Margarete Gandini. “Em 2005, pelo levantamento que esse grupo realizou, foram identificados 957 arranjos produtivos locais no Brasil inteiro”. O 1º. Seminário de Arranjos Produtivos Locais e o Desenvolvimento Regional termina amanhã (21), quando serão realizadas oficinas setoriais para análise dos gargalos tecnológicos dos APLs do Amazonas. O evento é organizado pela Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia Sect e pela Fapeam.