Uso de algodão transgênico em países em desenvolvimento pode levar à queda de preços do produto, diz estudo do Bird

17/09/2006 - 0h40

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um estudo do Banco Mundial (Bird) sobre o impacto do algodão geneticamente modificado na economia global concluiu que o uso dessa biotecnologia nos países em desenvolvimento resultaria em aumento de produtividade e conseqüente mudança no cenário do comércio mundial do algodão. De acordo com o estudo, se aplicada na região subsaariana da África (parte do continente ao sul do deserto do Saara), a produção na região aumentaria em cerca de 15%. Assim, os africanos seriam responsáveis pela queda dos preços do produto no mercado internacional. O coordenador do Núcleo de Economia Agrícola e ambiental do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), José Maria da Silveira, diz que a entrada da África no plantio de algodão transgênico provocaria um deslocamento. “A África ,entrando, vai fazer com que o preço da fibra caia, e isso vai desestimular o plantio nos Estados Unidos”, afirma..Segundo Silveira, a China, que já usa as sementes geneticamente modificadas, não teria prejuízos. “A China não quer ser exportadora de algodão, mas de confecções. Ela tem o insumo básico, que é mão-de-obra barata, para fazer isso”. O mesmo aconteceria com a Índia que, de acordo com o professor, tem maior interesse na industrialização da fibra. De acordo com o professor, os consumidores também sairiam beneficiados nesse processo.  “O impacto vai ser uma tendência de redução do custo da fibra e com isso o benefício vai para os proprietários de confecção e consumidores”.No entanto, ele aponta barreiras que dificultam a expansão da cultura do algodão geneticamente modificado na África. Silveira cita, por exemplo, o bloqueio da União Européia e a ausência de pesquisas e estrutura de produção das sementes.