Mesmo com reforma eleitoral, tesoureiros estimam campanha mais cara

12/09/2006 - 23h17

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aprovada este ano, a Lei 11.300, batizada de minirreforma eleitoral, pode não alcançar seu objetivo de baratear as campanhas políticas. Os dois candidatos à Presidência da República com maior representação partidária devem gastar mais este ano que nas campanhas de 2002.Os tesoureiros de Geraldo Alckmin (PSDB/PFL) e de Luiz Inácio Lula da Silva (PT/PRB/PCdoB) estimam que, no primeiro turno, cada campanha deve ficar na faixa de R$ 40 milhões, pouco abaixo das arrecadações, que devem bater na casa dos R$ 45 milhões. Se houver segundo turno, avaliam que serão necessários pelo menos outros R$ 15 milhões.Nas eleições de 2002, que teve segundo turno, a campanha do candidato vitorioso declarou despesas totais de R$ 39 milhões. Já a de José Serra, que competia pelo PSDB, informou receita de R$ 28,5 milhões e despesas de R$ 34 milhões.Os balanços parciais de campanha declarados pelos dois partidos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no último dia 6, mostrou que, faltando ainda um mês para as eleições, a campanha de Lula já arrecadou R$ 22,3 milhões e gastou R$ 19,9 milhões. A de Alckmin, obteve receita de R$ 21 milhões e gerou gastos de R$ 20,2 milhões.Apesar dos números milionários, as duas campanhas dizem sofrer muitas dificuldades para obter recursos junto ao empresariado. "Não está fácil arrecadar. Os contribuintes estão recuados, por causa da lei eleitoral, que torna mais rígido o controle financeiro, e também por causa da crise política vivida pelo Congresso desde o ano passado", conta o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), coordenador financeiro de Alckmin."Os escândalos de financiamentos irregulares de campanhas tornaram os empresários mais reticentes em fazer doações", concorda José de Filippi, responsável pelas contas de Lula. Filippi diz ter mandado mais de sete mil mensagens eletrônicas para empresas, pedindo doações, e ouviu de muitos empresários a resposta de que este ano não iriam contribuir para nenhum candidato.Discurso semelhante devem ter escutado os outros seis candidatos à presidência, que somado não arrecadaram mais do que R$ 1,7 milhão, o que os leva a realizar campanhas eleitorais bem mais modestas, apelando para a criatividade e a ajuda de colaboradores.Os números exatos somente serão conhecidos na prestação de contas final, que deve ser encaminhada à Justiça Eleitoral até 30 dias após a realização das eleições, quando é exigida a indicação dos nomes dos doadores e respectivos valores doados. Quem não conseguir provar as fontes de recursos e as formas como foram gastos poderá ter de pagar multa no valor de cinco a dez vezes a quantia irregular e ainda estará sujeito a responder por abuso de poder econômico, o que pode levar à cassação do mandato.O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou hoje (12) balanço de campanha de todos os candidatos do país mostrando que as arrecadações cresceram mais de três vezes desde a última prestação de contas, em 6 de agosto. Enquanto no primeiro mês da campanha a receita alcançou R$ 152,7 milhões, no segundo mês, ultrapassou R$ 698 milhões.Já as despesas foram de R$ 76,5 milhões até 6 em agosto, atingindo a marca de R$ 426,5 milhões até 6 de setembro: um aumento de quatro vezes e meio. O valor ainda é menor que o da campanha de 2002, quando o gasto total de todas as candidaturas ficou em R$ 830 milhões, segundo o portal Interlegis, do Senado Federal. Mas como é na reta final que os candidatos usam todos os recursos para tentar se eleger, os gastos com materiais de propaganda, pessoas, combustível e outros meios usados para convencer o eleitor devem se acelerar nos próximos dias.