Negociações da Rodada de Doha põem em xeque toda a ordem internacional, diz Amorim

09/09/2006 - 20h14

Aline Beckstein
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmouhoje (9) que as negociações da Rodada de Doha põem em xeque toda a ordeminternacional e não apenas as relações comerciais. “Não é só o comércio queestá em jogo, mas sim toda a ordem internacional, porque se não conseguirmoschegar a um resultado que preserve o sistema multilateral de comércio, como éque vamos conseguir preservar a ordem internacional, que trata de questões comoterrorismo, proliferação nuclear, contrabando e crime organizado?”Amorim considerou o primeiro dia da reunião convocada peloG-20 – grupo dos países em desenvolvimento – “o começo de uma reflexão”,envolvendo uma série de fatores que deverão ser discutidos por um bom tempo. Oministro preferiu, no entanto, não fixar prazos para o fechamento de acordos,mas destacou a necessidade de fortalecimento do G-20 como um grupo de destaquena tomada de decisões.Segundo Amorim, a próxima reunião do G-20 deve ocorrer nofinal de outubro ou início de novembro. “Vai ser uma reunião para que possamosrefletir sobre todo o processo”.O ministro da Indústria e Comércio da Índia, Kamal Nath,também defendeu o fortalecimento do G-20 e afirmou que as diversidades deinteresses do grupo acabam fortalecendo o bloco. “Os interesses diversos dãocredibilidade ao G-20, como nenhum outro grupo tem dentro da OMC”, afirmou. AÍndia é, junto com o Brasil, dos países com mais força dentro do G-20.Nath ainda enfatizou o caráter desenvolvimentistapreconizado pela Rodada de Doha e sua relação com os países do G-20. “Muitacoisa está em jogo para os países em desenvolvimento com a atual rodada denegociações na OMC. É uma rodada de desenvolvimento e para nós o impasse nasnegociações seria também um impasse para o desenvolvimento de todos”.A Rodada Doha está suspensa desde a ultima reunião da OMC,em julho deste ano. O grande impasse foi a negociação sobre a redução desubsídios agrícolas por parte dos países desenvolvidos, reivindicada pelospaíses em desenvolvimento, entre eles o Brasil.