Convivência de quilombolas com italianos em nove cidade gaúchas é tema de estudo

09/09/2006 - 12h58

Lourenço Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As características étnicas de comunidades quilombolas que convivem compopulações de origem italiana de nove cidades situadas no centro do Rio Grandedo Sul foram o tema do estudo apresentado pela professora Vanessa de Oliveira,da Universidade Federal de Santa Maria (RS) no 29º Congresso Brasileiro deCiências da Comunicação (Intercom 2006), que termina hoje (9) na Universidadede Brasília e no Minas Brasília Tênis Clube.A professora estudou um grupo de negros que se concentraram em área deaproximadamente 300 hectares, desde a metade do Século 19 e que “revelam umapego muito forte à sua relação genealógica”. No entanto, segundo ela, sabe-seapenas que são descendentes de escravos, pois eles próprios não explicam deonde vieram, demonstrando um apego muito forte ao meio em que vivem, que dizem, de maneira ufanista, ser a sua própria origem”.O estudo apresentado pela professora gaúcha explora a diferenciação de duasidentidades étnicas singulares: negros e italianos, que convivemharmonicamente. São 80 famílias de quilombolas, dedicados à plantação dehorti-frutigranjeiros ou que prestam serviços à comunidade italiana, comotrabalhadores rurais, enquanto as mulheres ganham dinheiro como empregadasdomésticas nas cidades.A estudante Lílian Crepaldi de Oliveira, da Universidade de São Paulo (USP)apresentou trabalho ao seu curso de Mestrado em Ciência da Comunicaçãoexplorando as lutas do exército zapatista, no México e a campanha do Movimentodos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), no Brasil. Como fundo para o"sentido mais visível" desses dois movimentos ela aborda as mensagensde ordem cultural que ambos portam, as quais interpreta como “reforço da suaprópria identidade”.O trabalho aborda também o poder da mídia que divulga esses grupos e o poderda palavra, provinda desses movimentos. “A palavra, para esses grupos, é umaarma muito forte. Eles acreditam que ela tem poder para promover transformaçõessociais". São movimentos, de acordo com a estudante que “têm conotaçãopolítica, mas também marca cultural muito forte. Buscam na sua luta, de formaessencial,  se situar nas suas origens, se referenciando a uma mitologiado passado para entender o presente e buscar modificações para o seu futuro”.O encontro é realizado anualmente pela Sociedade Brasileira de EstudosInterdisciplinares da Comunicação com o objetivo de permitir a troca de idéiase difundir temas da área da comunicação e sua contribuição para a sociedade.Participam pesquisadores brasileiros e estrangeiros, estudantes, professores,pesquisadores e profissionais que trabalham na área da comunicação.