Brasil e Ucrânia lançam estatuto da empresa para lançamentos espaciais

08/09/2006 - 8h23

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Ministério da Ciência e Tecnologia publicou na semana passada o estatuto da empresa binancional para lançamentos espaciais, resultado de um acordo entre Brasil e Ucrânia.  Trata-se da Alcântara Ciclone Space, um consórcio para o lançamento de foguetes e satélites a partir da basede Alcântara, no Maranhão.Deacordo com o presidente da AEB, Sérgio Gaudenzi, o primeiro lançamentoserá do foguete Ciclone IV, no final de 2008 ou início de 2009. Ofoguete, segundo Gaudenzi, já fez mais de 300 testes com sucesso epoderá colocar em órbita um satélite brasileiro geoestacionário, quefaz trabalho de segurança de vôos, meteorologia e na área decomunicação.“Éum grande avanço para o que representa, inclusive, para o domínio datecnologia de lançamentos, que é uma coisa que é realmente difícil.Poucos países no mundo têm foguetes, fazem lançamentos, porque eu diriaque essa é uma parte crítica dentro do programa”, afirma Gaudenzi.Aexpectativa brasileira é fazer lançamentos comerciais de foguetes esatélites. O lucro obtido será dividido pela metade entre o Brasil e aUcrânia. A expectativa é que a empresa gere lucros nos próximos oitoanos da ordem de US$ 10 bilhões. “A empresa opera conseguindo clientes,que tenham satélites para lançar. Ela faz os lançamentos a partir deAlcântara e, abatidos os custos, o lucro final é dividido meio a meioentre Brasil e Ucrânia”, explicou.SegundoGaudenzi, a previsão inicial para a montagem da empresa é de US$ 100milhões, divididos entre os dois países. O Brasil vai entrar com a áreade lançadores, situada em Alcântara (MA) e a Ucrânia com a tecnologiado lançador, que foi desenvolvida por eles. Mas os benefícios irãomuito além dos ganhos financeiros. “Nós vamos ter o que se chama deacesso ao espaço, que é fundamental para um país que deseja ser de fatoindependente da área espacial”, afirma o presidente a AEB.Outravantagem para o Brasil é a possibilidade da nova empresa contratarprofissionais brasileiros como cientistas, técnicos e engenheiros. Paraque isso aconteça, no entanto, o Brasil terá que melhorar a remuneraçãoda área espacial, que atualmente não atrai os profissionais.Alémda Ucrânia, o Brasil possui acordos com a Rússia, um satélite emconjunto com a China, com a União Européia, com a Índia, a Ucrânia etambém com a Nasa, dos Estados Unidos. “Nós temos uma gama muito grandede acordos de cooperação e estamos trabalhando bem com todos essespaíses”.