Resultado do PIB reflete oscilações do atual padrão de expansão, afirma economista

31/08/2006 - 19h48

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O crescimento de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas produzidas no país) no segundo trimestre do ano confirma o indicativo de que o país ainda não se encontra na situação desejada de crescimento sustentado de sua economia. Confirma também que o padrão de expansão oscila, com períodos de desaceleração.A opinião é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, que ressaltou, no entanto, o processo de recuperação da economia: “O resultado reflete apenas esse ritmo irregular do nosso desempenhos. A gente dá um passo à frente e depois outro para trás”.Na avaliação de Quadros, o PIB dificilmente fechará o ano com expansão de 4% como prevê o governo: “Seria necessário que a economia crescesse muito até o final do ano, mas esse não é o padrão que temos hoje no país”.Sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que ontem reduziu a taxa básica de juros da economia (Selic) em 0,5 ponto percentual, ele disse acreditar que "vai haver, sim, uma melhora – mas não suficiente para atingir o patamar de expansão projetado. Entendo que o PIB poderá fechar em 3,5%, é um bom número”. Segundo Quadros, a queda da Selic favorece a retomada do crescimento, mas embora o nível nominal cobrado seja o menor da história, a taxa de juro real da economia ainda é muito alta.O economista lembrou ainda que a inflação está mais baixa e, por isso, destacou a decisão de dar competitividade ao crédito: “Toda economia precisa de um mercado de crédito desenvolvido. O juro para o consumidor final é permanentemente muito alto no Brasil". As operações de crédito, informou, respondem hoje por apenas 32% a 33% do PIB, bem abaixo da taxa de outros países: “Esse percentual é muito pequeno, até em comparação com países não tão desenvolvidos assim. Nos Estados Unidos, chega a superar os 100%".