Promoção dos Direitos Humanos deve ser preocupação de todos os setores do governo, defende especialista

31/08/2006 - 17h44

Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O especialista em direitos humanos da Universidade de LaPlata (Argentina), Fabián Salvioli, defendeu hoje (31) que a promoção dosdireitos humanos deve estar presente em todos os setores do governo e não ficarrestrito a secretarias ou órgãos específicos. Integrante do InstitutoInteramericano de Direitos Humanos, Salvioli foi o principal palestrante namanhã desta quinta-feira (31) no Congresso Interamericano de Educação emDireitos Humanos, que acontece em Brasília.Para Salvioli, todas os gestores e autoridades governamentais deveriam militarnesse campo.  “Como teria sido a vida das nossas sociedades se osministérios de Economia em nossos países tivessem sido ocupados por economistasque fossem altas autoridades em matéria de direitos humanos?”, questionou. “Os direitoshumanos devem atravessar transversalmente a política pública”, defendeu.O especialista propôs uma ampla mudança na educação. Assim como os governos,Salvioli avalia que os setores educacionais destinam pouco espaço para essa questão.“Não se ensina as disciplinas a partir de uma perspectiva dos direitoshumanos”, apontou. Segundo ele, os ministérios da Educação devem estimular as universidades,através de bolsas, a investirem nessa temática. “Quem sai das universidadesocupa cargos de gestão técnica nos governos. Então, a universidade terá, nolugar de se horrorizar como se exerce a política pública, deve se perguntarcomo está formando seus profissionais”, disse.O especialista argentino lembrou que são as universidades também que formam ospróprios professores, tanto os que atuam no nível escolar básico quanto no meioacadêmico. E que, por isso, é preciso investir também em cursos depós-graduação na área de direitos humanos. Salvioli concluiu que o conteúdo sobre direitos humanos nãodeve ser imposto, seja na universidade ou nas escolas. Para ele, cadadisciplina deve elaborar a sua própria abordagem do tema. O Congresso Interamericano de Educação em Direitos Humanos reúne cerca de 650autoridades e especialistas de 15 países (Brasil, Argentina, Chile, México,Peru, Noruega, Venezuela, Espanha, Portugal, Bolívia, Paraguai, Uruguai,Equador, Costa Rica e Cabo Verde), além de representantes de organismosinternacionais. O encontro, que prossegue até sábado (2), é promovido pelaSecretaria Especial de Direitos Humanos, Ministério da Educação (MEC), SecretariaNacional de Segurança Pública (Senasp), do Ministério da Justiça, e pelaOrganização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).