Exposição na Câmara resgata memória sobre perseguição política

29/08/2006 - 22h28

Lourenço Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, que abriu há pouco, na Câmara dos Deputados, a exposição Direito à memória e à verdade - 27 anos da anistia no Brasil, afirmou que a mostra deverá percorrer o Brasil “para reavivar a memória de um passado recente e, assim, o país se solidarizar com as vítimas da ditadura militar".Segundo o ministro, “durante os 20 anos da ditadura havia no Congresso Nacional uma maioria massacrante, mas também muita gente que lutava pelos direitos humanos, pela democracia – nas ruas, o país podia contar com a resistência operária, sindical, estudantil, cultural; com as lutas feitas na clandestinidade, a luta partidária e camponesa, para essa história que o país precisa conhecer". Vannuchi pregou a unificação nos países do Mercosul da luta pelos direitos humans, "para que seja uma luta do continente, já que outros países, como Agentina, Uruguai e Chile, também viveram regimes assim".A mostra relembra em fotografias e pôsteres as situações vividas na época da repressão, e foi aberta com a presença de vítimas e familiares de pessoas perseguidas durante o regime militar. O presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Luiz Eduardo Greenhalghi (PT-SP) afirmou que foi levada a autoridades dos países do Mercosul, que estão em Brasília, hoje, proposta para constituição de uma Comissão de Direitos Humanos do Mercosul. O parlamentar alertou que existe no Brasil ainda "um vento conservador, reacionário, desafiador da nossa consciência, que precisa ser vencido. Por isso é preciso despertar a atenção dos jovens para o que o país viveu em algumas décadas passadas”.Um dos pôsteres da exposição, aberta ao público no corredor que vai do plenário da Câmara até o anexo 2, informa que "a radiografia dos atingidos pela repressão política ainda não está concluída”. Lembra que "50 mil pessoas  foram presas somente nos primeiros meses da ditadura implantada em 1964. Cerca de 20 mil pessoas foram submetidas a tortura durante o regime militar. Há 354 mortos e desaparecidos políticos, conforme levantamento da Comissão de Mortos e Desaparecidos”.