Conselho Federal de Psicologia cobra agilidade na aplicação da reforma psiquiátrica

29/08/2006 - 22h06

Isabela Vieira
Da Agência Brasil
Brasília - Profissionais do Conselho Federal de Psicologia (CFP), representantes de movimentos sociais ligados à luta antimanicomial e familiares de portadores de transtornos mentais querem agilidade na aplicação da reforma psiquiátrica, aprovada pelo Congresso Nacional em 2001. Hoje (29), eles entregaram ao Ministério da Saúde um documento com reivindicações e sugestões nesse sentido.De acordo com a presidente do CFP, Ana Bock, o Brasil avançou na aplicação da reforma, mas o ritmo ainda é lento: “As pessoas estão morrendo nos hospitais psiquiátricos por maus tratos, péssimas condições de infra-estrutura e por tratamentos inadequados, como a aplicação de eletrochoque”.  Bock afirmou que para melhorar as condições de saúde mental no país são necessários mais investimentos em tratamentos alternativos, como oficinas e terapias, além da ampliação dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e dos Centros de Convivência em substituição aos hospitais de internação. “Os hospitais psiquiátricos não deveriam mais existir, são ultrapassados e ineficientes. Os centros permitem o convívio com a sociedade e o contato com a família, por exemplo. Precisamos de uma nova cultura de atendimento”, disse. O Conselho pediu ao ministério mais rigor na fiscalização do atendimento aos pacientes e a criação de um sistema que permita monitorar a causa das mortes de pacientes, para atestar, por exemplo, se ocorreram por maus tratos.

Também foi pedido o fechamento imediato de hospitais psiquiátricos, considerados pelo Conselho os piores em termos de tratamento no país. “O ministério já fechou três de dez instituições que havíamos pedido”, disse Ana Bock. “E informou que os outros continuam abertos porque o investimento nos Caps e nos centros de convivência [necessários para a substituição dos hospitais] estão sendo concluídos”.