Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Auditores fiscais do trabalho que, no início de agosto, faziam fiscalização no município de Rondon do Pará (PA) foram vítimas de ameaças e intimidações. Segundo o chefe da seção de Policiamento e Fiscalização da Polícia Rodoviária do Pará, Carlos Soares, o serviço de inteligência do órgão investigou denúncias recebidas enquanto o grupo de fiscalização estava na cidade e confirmou as ameaças. Ele explicou que, para garantir a segurança e a integridade dos agentes do Ministério do Trabalho e Emprego, os auditores foram retirados da cidade na ocasião.Entre os dias 7 e 18 deste mês, duas equipes do ministério foram ao município de Rondon do Pará fiscalizar cerca de 30 madeireiras que atuam na região. Durante as operações, máquinas foram lacradas em 13 das 16 fazendas visitadas. Na ação, também foram aplicadas multas trabalhistas.De acordo com a presidente da Associação dos Auditores Fiscais do Trabalho do Pará (Assintra), Rosângela Rassy, depois das interdições, empresários e políticos passaram a intimidar os fiscais por meio de artigos de jornais.“Alguns empresários e o prefeito Edilson Oliveira Pererira também se dirigiram várias vezes ao hotel em que os fiscais estavam para pedir que os autos de infração fossem revistos, alegando que o trabalho das equipes prejudicava a vida e a economia da cidade”, contou.De acordo com o chefe de policiamento da Polícia Rodoviária, também foi articulada uma manifestação, prevista para ocorrer dia 16 na BR 222 (que dá acesso ao município). Segundo Soares, o objetivo era pressionar os auditores e acabar com as ações de fiscalização. O policial informou que, no laudo de apuração das denúncias, consta que os empresários e políticos eram os responsáveis pela organização do ato.A região, afirma a presidente da Assintra, “tem um histórico de violência e é um local conhecido pelo uso de mão-de-obra escrava”. Ela informou que uma carta denunciando as ameaças foi enviada ao Ministério do Trabalho. A associação também pretende enviar um documento à Organização Internacional do Trabalho (OIT).“Se essa moda pega, não poderemos mais fazer fiscalizações, porque nos locais onde os políticos se acham donos, anunciam e afrontam o grupo do ministério, fica difícil trabalhar”, afirmou Rassy.O Ministério do Trabalho disse que está investigando os acontecimentos e vai tomar as medidas necessárias para dar segurança aos fiscais. Procurado pela reportagem da Agência Brasil, o prefeito de Rondon do Pará, Edílson Oliveira Pereira, não se manifestou a respeito. O gabinete da prefeitura informou que enviaria ainda hoje (28) uma nota oficial em resposta às acusações. No entanto, até as 18h53, o documento não foi recebido.