Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah), liderada pelo Brasil, não está contribuindo para o fortalecimento das instituições públicas haitianas, de acordo com relatório da organização haitiana Rede Nacional de Direitos Humanos. A informação é da economista Sandra Quintela, que integrou missão de solidariedade ao país chefiada pelo ativista argentino Adolfo Perez Esquivel, Nobel da Paz em 1980. Em entrevista à Agência Brasil, ela lembrou que a Minustah já tem dois anos e foi renovada por seis meses na semana passada, mas ainda não cumpriu seus objetivos. Entre eles, a economista citou também o de desarmar a população e o de construir as obras de infra-estrutura necessárias.Um dos principais pontos da resolução do Conselho de Seguranças das Nações Unidas que renovou a missão é o que se refere ao desarmamento de civis. “Os números revelam uma total incapacidade de realizar essa tarefa. Em dois anos de trabalho, com o objetivo principal de desarmar a população, recolheram só 250 armas. Tem alguma coisa de errado”, afirmou Sandra Quintela.O relatório da organização haitiana, acrescentou, também afirma que grande parte das armas está na mão da burguesia e da classe média. Na opinião da economista, é papel da polícia – e não do exército – tirar as armas da população.Sandra Quintela também denunciou a existência de “graves violações de direitos humanos” no Haiti. Segundo ela, a população carcerária quase dobrou e o Judiciário funciona precariamente: “Há 4 mil presidiários e a maior parte, 95%, não passou por nenhuma instância da Justiça. É uma violação grave e a Minustah não tem respondido a isso”.