Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Grande parte dos recursos que deveriam ser utilizados na reconstrução do Haiti acaba servindo para pagar a dívida externa e ações militares, afirmou a economista Sandra Quintela, que já participou de uma missão de solidariedade ao país. Em entrevista à Agência Brasil, ela comentou a renovação do mandato da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), liderada pelo Brasil.“É uma questão de estabelecer prioridades. Ao invés de os recursos estarem sendo usados na construção da infra-estrutura do país, são gastos na manutenção de tropas estrangeiras e na dívida. Há uma inversão de prioridades em relação ao que o país precisa”, disse.A resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que renovou o mandato da Minustah determina que a missão precisa trabalhar junto com o governo e organizações sociais, para definir as áreas de infra-estrutura mais sensíveis no país. Até o momento isso não foi feito, segundo a economista: “É preciso ouvir as organizações haitianas, suas propostas, as soluções para sair dessa crise. Há uma sociedade que debate, há intelectuais, militantes, acadêmicos, ativistas de movimentos sociais que pensam no seu país e têm caminhos para sair da crise".Sandra Quintela também comentou que, para o governo do presidente René Préval fazer os investimentos necessários, é preciso que a sociedade haitiana e países como o Brasil e a Argentina pressionem as instituições internacionais e os países que organizam as doações ao Haiti, como Estados Unidos, Canadá e França.O mandato da Minustah termina em 15 de fevereiro de 2007. Até essa data, o Conselho de Segurança das Nações Unidas deve decidir se renova a missão de paz por mais seis meses, além de fazer recomendações sobre os pontos que precisam avançar para se chegar à estabilização do Haiti.