Lourenço Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A professora Eleonora Cunha, da Universidade Federal de Minas Gerais, defendeu hoje um trabalho pela inclusão social das crianças indígenas e das que vivem na zona rural. Em palestra no 8º Encontro de Articulação do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) com os Conselhos Estaduais e Municipais e os Conselhos Tutelares, ela afirmou que “o trabalho em favor da criança e do adolescente “deve ter como mira a situação de desigualdade existente no país”.Doutora em Ciências Políticas e pesquisadora do Centro de Democracia Participativa da UFMG, Eleonora Cunha defendeu que os conselhos hoje formados trabalhem pela alfabetização das mães. E afirmou que “as grandes promessas da democracia só podem ser cumpridas se houver organização”. Na opinião da professora, “só assim será possível lutar pela igualdade, pela solidariedade e para que os excluídos tenham acesso a riquezas coletivas, como saúde, trabalho e educação”. Eleonora Cunha também alertou que “os movimentos sociais, como os conselhos de direitos e tutelares da criança e do adolescente, não devem temer fazer acordos com os políticos, pois sem a influência deles não será possível obter resultados”. Para o presidente do Conanda, José Fernando da Silva, “somente com o envolvimento do governo nas discussões que estão sendo realizadas será possível alcançar avanços”. Ele defendeu “clareza de objetivos e responsabilidade em torno da causa, e a elaboração de uma agenda objetiva para ser levada ao governo, sob pena de tudo ficar só no papel”. Os participantes do encontro, informou, deverão ser recebidos amanhã (9) à tarde pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem entregarão a proposta de instituição do Sistema Nacional de Atendimento Sócio Educativo (Sinase). No 8º Encontro, que vai até quinta-feira (10), a coordenadora do Fórum Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (FNDCA), Tiana Sento-Sé, afirmou que “tratar da situação de meninos e meninas no contexto político é tratar da própria democracia, e nesse ponto o funcionamento dos conselhos de direitos e tutelares tem papel estratégico”. A subsecretária de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Carmen Silveira de Oliveira, disse no Encontro que nos últimos quatro anos a construção de uma rede de conselhos a nível nacional rendeu bons resultados, principalmente para a implementação de políticas públicas. E citou entre estas o combate à exploração sexual de crianças e adolescentes.