Para representante cristão, reforma agrária não avança com “barreiras” dos poderes Legislativo e Judiciário

23/07/2006 - 13h30

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Na avaliaçãodo representante do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs,Western Clay Peixoto, uma reforma agrária mais justa sónão foi feita ainda no país porque falta interesseprincipalmente dos Poderes Legislativo e Judiciário. O poderExecutivo, segundo Western, também deve ser responsabilizadopela não distribuição de renda "justa"no meio rural brasileiro, considerando o modelo do agronegócioe da agricultura famíliar. Um modelo justo de reforma agrária,conforme destacou, seria aquele que, além de distribuirterras, priorizasse a produção familiar, a geraçãode empregos e distribuição de renda no campo."O Judiciárioe o Legislativo são os poderes mais contaminados. Com isso, oExecutivo encontra maior dificuldade em realizar um projeto dereforma agrária mais intenso, mais digno, que de fato atendaaos interesses do meio rural. As leis que existem hoje em torno dapolítica agrária são muito complicadas, devidoao controle de fazendeiros e de pessoas ligadas ao agronegócio",disse o representante do Conselho Nacional de Igrejas Cristãsno primeiro dia do Encontro Nacional dos Povos do Campo, organizadopelo Fórum Nacional pela Reforma Agrária.Western Clay Peixotodestacou que para desenvolver uma política agrária maisjusta no país, é preciso de um governo mais forte e deuma sociedade mobilizada que pressione os três poderes. A mesmaavaliação defende o representante da ComissãoPastoral da Terra (CPT), Dirceu Fumagalli. Para ele, só seráfeita uma reforma agrária justa no país quando esteassunto for prioridade no âmbito federal, estadual e municipal."Hoje, a maioria dos prefeitos e vereadores agem de formacontrária à reforma agrária e àagricultura familiar. Na maior parte das vezes, estão emdefesa do latifúndio".