Cristiane Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Passados 13 anos, o assassinato de oito crianças e adolescentes que dormiamnas proximidades da Igreja da Candelária, no centro do Rio, continua na memóriade todos. O crime, praticado por policiais militares e civis integrantes degrupos de extermínio, chocou a opinião pública nacional e internacional e ficouconhecido como Chacina da Candelária.Amanhã (24), o episódio será lembrado em um debate promovido pelaorganização não-governamental Criola, que desenvolve ações em defesa da vida demulheres, adolescentes e meninas negras no Rio de Janeiro. O seminário“Juventude, Violência Racial e Segurança Pública” começa às 10 horas no PalácioGustavo Capanema, no centro da cidade. A chacina da Candelária será lembradaainda com várias outras atividades em defesa da vida durante a semana.Em entrevista ao programa Redação Nacional, da Rádio Nacional,a coordenadora da ONG, Lúcia Xavier, afirmou que a chacina da Candelária éconsiderada um exemplo da falta de direitos e de segurança para gruposexcluídos, mas também para a sociedade como um todo.Segundo ela o debate vai abordar a juventude como a maior vítima daviolência policial e seguir lembrando a luta de mulheres em busca de justiça econtra a corrupção, como é o caso das Mães de Acari, que tiveram seus filhosdesaparecidos, e da diretora do presídio de segurança máxima Bangu Um, Sidnéiade Jesus, que foi assassinada na porta de casa por denunciar irregularidades nosistema penitenciário do Rio de Janeiro.A violência racial também vai ser discutida. De acordo com a assistentesocial Lúcia Xavier, a maioria das vítimas de assassinato nas cidadesbrasileiras é de jovens negros. “Para nós, isso é resultado do racismo, dessarepresentação negativa de que todo menino negro está envolvido no tráfico, émarginal e bandido. Isso tem nos assustado, especialmente porque a violênciapolicial é uma ação pública e se ela não for controlada pela sociedade, pelopróprio Estado, perdemos a possibilidade de ter segurança, visto que estesjovens também são vítimas de grupos de extermínio”.