Cristina Índio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio - O setor de Segurança Públicano Brasil sofre com a falta de articulação das informações sobre acriminalidade entre os diversos órgãos nos estados e no governo federal. Aconclusão é da coordenadora do Centro de Estudos e Segurança e Cidadania, daUniversidade Cândido Mendes, Silvia Ramos.Para ela, o setor carece derecursos e de melhor preparo dos profissionais. “Deixamos o Sistema deSegurança Pública e as polícias para lá e o sistema penitenciário mais ainda. OFundo Nacional que o governo investe para o país inteiro tem R$ 140 milhões. Sóem São Paulo se investem R$ 6 bilhões, por ano em Segurança Pública”, disse.Na avaliação dapesquisadora, a situação que explodiu, com conflitos no sistema penitenciárioem vários estados do país, vem de muito tempo, desde os anos 80. “Em geral,nossas polícias são abandonadas, são mal pagas e mal treinadas”.Silvia Ramos destacou que oproblema não é só de São Paulo, Rio de Janeiro ou de outros estados.“Nósdespertamos tardiamente para o fato de que é preciso investir na área deSegurança Pública. É como se tivéssemos deixado, o que investimos em Educação eSaúde, a Segurança abandonada”, analisou em entrevista ao Programa Notíciasda Manhã, da Rádio Nacional.Segundo a Coordenadora doCentro de Estudos, a abrangência do problema não foi avaliada pela sociedadebrasileira, não só pelos órgãos públicos, mas por pesquisadores dasuniversidades e organizações de Direito.De acordo com a professora,não há nada, hoje no Brasil, que se possa chamar de Plano Nacional de SegurançaPública.“Nós não temos um sistema integrado, então, um criminoso é preso emMinas ou Espírito Santo e pode estar sendo procurado no Rio de Janeiro. Não hánenhum sistema decente hoje no Brasil minimamente articulado de SegurançaPublica”, afirmou.Silvia Ramos lembrou que nãoexistem dados sobre criminalidade atualmente no país. “Nós usamos os dados daSaúde para saber as taxas de homicídios do Brasil. Cada estado tem um critériopara contabilizá-los. Aquela unificação que fizemos na área da Saúde, no finaldos anos 80, com o SUS, não aconteceu ainda na Segurança Pública. Estamos muitodistantes”, acrescentou.Mesmo assim, a pesquisadoraafirmou que não há razão para desespero. “Muitos países deram respostas aoproblema da violência quando estava mais profundo até do que do casobrasileiro. Foi o que aconteceu, em Cali, Bogotá e em Medellín, na Colômbia. Apior resposta nesta hora são a raiva e o desespero”.