Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O medo de um constrangimento ainda maior faz com que a maioria dosbancários vítimas de agressão moral no ambiente de trabalho não tomemprovidências. Essa é uma das conclusões é da pesquisa Assédio Moral no Trabalho:Impactos sobre a Saúde dos Bancários e sua Relação com Gênero e Raça,coordenada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco em 28 diferentesbancos públicos (48,14%) e privados (51,86%).Respondendo aquestão “Conversou com alguém a respeito da agressão?”, 59,43% dosbancários dizem ter conservado apenas com a família, 44,48% com amigos,32,64% com alguém da empresa, 19,54% com o sindicato e 15,63% não faloucom ninguém. “O bancário ainda tem muito medo de denunciar. Desabafarpra família é bom, mas não resolve o problema”, diz a secretária-geraldo sindicato e coordenadora da pesquisa, Suzineide Rodrigues deMedeiros.A recomendação da sindicalista é que a vítima procure o sindicato localou a Delegacia Regional do Trabalho. E, nas empresas públicas, odepartamento de recursos humanos da própria empresa. “Tem que reagir edenunciar. Temos recebido muitas denúncias e conseguimos comprovar algunscasos”, diz. A maioria das denúncias é feita de forma anônima, por carta oue-mail. Mas o sindicato ressalta o crescimento obtido. “Temos recebidotrês a quatro denúncias por dia de todo o país”, diz.O problemadas denúncias anônimas é que “a gente não pode comprovar porque épreciso um diálogo, indicá-lo a um psicólogo, entender o fenômeno e aísim dizer se trata-se de um assédio moral”, explica Medeiros.Alegislação brasileira não trata especificamente do problema do assédio moral. AConsolidação das Leis Trabalhistas (CLT), por exemplo, cita a discriminação no trabalho,mas não caracteriza o assédio moral como uma questão do trabalho.Existe, inclusive, projetos de lei, em tramitação na Câmara dos Deputados, para regulamentar a questão.