Flávia Albuquerque e Paulo Montoia
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Mais de mil presos da penitenciária de Araraquara, no estado de São Paulo, estão confinados em áreas abertas, sem condições mínimas de higiene ou atendimento médico, disse o secretário-geral do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo (Sindasp), Rozaldo José da Silva. Segundo ele, a situação é ruim também em outros cinco presídios paulistas.
Silva explicou que após as rebeliões conjuntas do estado organizadas pelo grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC) pelo menos sete penitenciárias foram destruídas totalmente. Lá, os presos destruíram totalmente as celas e ficaram soltos dentro do perímetro dos muros.
Ele conta que esse é o caso das cidades de Araraquara, Mirandópolis, Uirapuru, Pacaembu e Valparaíso. "No caso de Pacaembu e Presidente Prudente, houve alguma reforma, e os presos estão amontoados, com 700 pessoas em um pavilhão".
Em Araraquara, segundo o secretário do Sindasp, depois que ficaram soltos no pavilhão, os presos começaram a cavar túneis. Por isso teriam sido levados para uma ala central, "como um pátio de sol", onde estão neste momento. "A comida desce por cima. Um dos presos teve liberdade condicional e, como pesava cerca de 120 quilos, tiveram que içá-lo. Mas isso ocorre agora porque os presos destruíram a penitenciária", disse.
Segundo o sindicalista, foram feitas soldas nos portões no presídio de Araraquara. "Se não fossem feitos esses bloqueios os detentos quebrariam os portões". Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo (SAP), a penitenciária do complexo deveria abrigar 496 presos, mas somava 539; o Anexo deveria abrigar 750 e somava 998, até ontem (6). Todos os 1.447 detidos estão ao ar livre desde a destruição das celas, em 16 de junho.
Silva afirmou que duas penitenciárias já foram desativadas para reforma. "Os presos foram transferidos para outras regiões, superlotando ainda mais os presídios. Um exemplo é a prisão da cidade de Pracinha, que é para 750 presos, e tem 1.400 agora".
Em meados de maio, a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) liderou uma série de ataques a cidades de São Paulo. A secretaria estadual de Segurança Pública registrou 180 ataques contra prédios públicos, bases comunitárias da polícia e servidores das corporações militares e civis estaduais, incluindo 56 ônibus e oito bancos.