Reajuste para servidores não reduz defasagem salarial, diz professor

30/06/2006 - 13h26

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Mais de 30 carreiras do funcionalismo público receberão aumento de salário. Os reajustes variam entre 5% e 190% e vão atingir cerca de 1,5 milhão de servidores. As medidas provisórias que determinam o aumento devem ser publicadas em edição extra do Diário Oficial da União ainda na tarde desta sexta-feira (30), de acordo com o Ministério do Planejamento.Para o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Piscitelli, o aumento não é suficiente para reduzir a defasagem salarial e reestruturar as carreiras dos servidores. "Não se pode pretender que a defasagem seja eliminada de uma só vez. O importante seria se ter uma perspectiva de redução gradual dessa defasagem e sinalizar de uma forma consistente para os próximos anos." O impacto no orçamento deste ano será de R$ 5,5 bilhões. Na avaliação do professor Piscitelli, o valor não deve comprometer as contas do governo. "Há um aumento significativo das despesas públicas, não que isso vá comprometer o orçamento de 2006", diz. Para 2007, o valor deve chegar a R$ 10,8 bilhões. Os dados são do Ministério do Planejamento. Roberto Piscitelli critica a forma como são concedidos os aumentos do governo federal e acredita que parte dos servidores não ficará satisfeita com o reajuste. "Essas coisas não são feitas com transparência suficiente, então, o fato de aparentemente se ter contemplado um grande contingente de pessoas não significa que se tenha contemplado a integralidade dos servidores e nem de forma igualitária." Ontem (29), durante entrevista coletiva para anunciar a edição das medidas provisórias, o secretário de recursos humanos do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, afirmou que as despesas já estavam previstas na elaboração do projeto de Lei Orçamentária realizado em agosto do ano passado.