Crédito bancário ao setor privado atingiu em maio maior pico desde 1988, diz boletim do BNDES

30/06/2006 - 17h17

Rio, 30/6/2006 (Agência Brasil - ABr) - O crédito bancário ao setor privado atingiu, em maio, o maior pico desde 1988, alcançando 31% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas do país. É o que revela o boletim Visão do Desenvolvimento, cuja seguda edição foi divulgada hoje (30) pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Retirando-se os dados referentes a habitação, em que boa parte dos créditos da Caixa Econômica Federal relacionados a operações inadimplentes do antigo Sistema Financeiro da Habitação foi direcionada, em 2001, ao Tesouro Nacional, observa-se que o resultado de maio é o mais elevado da série desde 1995. A explicação é do superintendente da Secretaria de Assuntos Econômicos (SAE), vinculada à presidência do BNDES, Ernani Teixeira Torres Filho, em entrevista à Agência Brasil.

Para Torres, a tendência é que o crédito ao setor privado permaneça em alta. "Todos os elementos estão crescendo agora no mesmo ritmo do PIB, no mínimo". Segundo ele, a expansão do crédito tem grande participação da pessoa física, mas agora já se generalizou para todos os segmentos do crescimento".

Torres disse que o pior desempenho é o do segmento industrial, mas ressaltou que, embora a indústria apareça com número negativo (-1 ponto percentual) na contribuição para o aumento do crédito bancário ao setor privado, de 1995 até maio de 2006, na verdade, isso significa que o segmento está crescendo no mesmo ritmo do PIB, enquanto os outros estão evoluindo, no mínimo, alguma coisa acima do PIB. "É um processo generalizado de expansão do crédito", acrescentou.

O superintendente da SAE explicou que o crédito tende a se expandir acima do PIB quando as economias crescem muito. "É um ótimo sinal". Para ele, essa expansão pode ser considerada reflexo da política econômica acertada do governo, mas é também reflexo da situação geral do país. "Ou seja, a política econômica está correta no sentido de que não freou a expansão do crédito. O ambiente, por sua vez, mostra que a economia, na medida em que começa a crescer, um, dois, três anos sucessivamente, leva o processo a ir se generalizando, e aí o crédito se alarga".

Torres lembrou que crédito é também questão de confiança e que o fato de as taxas de juros estarem em processo declinante ajuda muito. "A perspectiva da taxa de juros continuar caindo e o fato da fragilidade econômica externa ter sido reduzida de forma violenta levam a crer que a tendência é que esse processo (de expansão do crédito) continue nos próximos meses ou nos próximos anos sem problema", afirmou o economista.

Para ele, o mais importante é a tendência de queda da taxa de juros, porque levará a habitação a se expandir mais rapidamente. As pessoas físicas, que responderam por quase 60% do crescimento total dos financiamentos ao setor privado no período 2003-2006, deverão continuar abocanhando boa parte desse crédito, disse Torres. O segmento é o de maior crescimento "e vai continuar no futuro", acrescentou. Sobre o segmento industrial, ele acredita que a tendência também é de que os dados comecem a ficar acima do PIB.

O boletim Visão do Desenvolvimento é publicado semanalmente pela Secretaria de Assuntos Econômicos do BNDES. A terceira edição deve ser divulgada na próxima quinta-feira(6).