CPT critica permissão de liberdade para acusado de mandar matar Dorothy Stang

30/06/2006 - 17h19

Valéria Amaral
Da Agência Brasil

Brasília – A Comissão da Pastoral da Terra (CPT) considerou uma "afronta e uma ameaça aos trabalhadores, lideranças e defensores do movimento" a decisão do Supremo Tribunal Federal em conceder um habeas corpus a Regivaldo Pereira Galvão, o "Taradão", empresário que foi preso acusado de ser um dos mandantes do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang.

Para o presidente do CPT, Dom Xavier Gilles, a decisão do STF foi "escandalosa" diante do crime e da sensação de impunidade. "Sempre há duas medidas, uma medida para os pobres e uma para os ricos. Aquele homem só não tem meios para ter matado a irmã Dorothy, como meios para sair do país se necessário for", afirmou.

Em nota, a comissão diz que a sentença será aproveitada para a intimidação das testemunhas de acusação. A CPT acredita que o empresário terá agora condições de fugir para não ser submetido ao julgamento. O relator do processo, ministro Cezar Peluso, concedeu o benefício ao empresário por considerar "a prisão preventiva absolutamente ilegal".

A missionária foi assassinada no dia 12 de fevereiro próximo ao município de Anapu (PA). Ela trabalhava há mais de 30 anos com pequenas comunidades pelo direito à terra e a favor da exploração sustentável da Amazônia.