Secretário diz que estado reagiu bem diante de rebeliões prisionais no Espírito Santo

19/06/2006 - 19h56

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O estado reagiu bem diante das rebeliões que atingiram o sistema prisional do Espírito Santo. A afirmação foi feita pelo secretário de Justiça do Espírito Santo, Ângelo Roncalli, em entrevista à Agência Brasil. As rebeliões terminaram hoje (19), depois de conflitos que duraram cinco dias e levaram à morte de quatro presos.

"Acho que nós tivemos a capacidade de negociar ao máximo a rendição sem tentar fazer a invasão. Eu não digo que foi 100% de sucesso, porque houve quatro mortes, mas conseguimos nos sair bem porque uma invasão, que seria uma possibilidade, poderia trazer um resultado bem pior", afirmou Roncalli.

Os detentos da Penitenciária de Segurança Máxima de Viana foram os últimos a se render. Eles se entregaram nesta tarde, depois de libertar 214 mulheres, cerca de 50 crianças e um agente penitenciário que era mantido como refém. Ontem (18), os presos da Casa de Passagem de Vila Velha, que também estavam rebelados, renderam-se e libertaram os reféns. O Batalhão de Missões Especiais do Espírito Santo teve, entretanto, de invadir a Penitenciária Regional de Linhares para acabar com o conflito e libertar cerca de 50 reféns.

Segundo o secretário, os presos reivindicavam a análise de seus processos, assistência médica, melhoria da alimentação e, principalmente, a volta para o presídio dos que estão na carceragem da Polícia Federal. De acordo com o secretário, antes de serem transferidos para a PF, esses presos comandavam o crime de dentro da prisão.

Roncalli informou que, a pedido dos presos, foi formada uma comissão para discutir as reivindicações, mas, como não houve avanço, o grupo foi desfeito.

Ele disse que, apesar de não ter havido acordo com os presos, as rebeliões chegaram ao fim devido ao cansaço dos rebelados. "Eu acredito que houve esgotamento. São cinco dias, no caso da Casa de Passagem, e aí começa a faltar comida. Essa outra [rebelião] acabou hoje talvez por verificar que as outras não conseguiram absolutamente nada", afirmou.

O secretário informou que, na negociação, feita por intermédio da Pastoral Carcerária, ficou acertado que, se os presos se rendessem e libertassem os reféns, a polícia não invadiria as unidades prisionais.

Oitenta homens da Força Nacional de Segurança Pública chegaram ontem (18) ao Espírito Santo, a pedido do governador Paulo Hartung, para evitar novas rebeliões. Segundo Roncalli, não houve intervenção da força para conter as rebeliões. "A Força Nacional de Segurança ainda não está implantada. Eles chegaram ontem (18) e hoje o comando fez um reconhecimento da área. Eles devem assumir a vigilância das prisões hoje à noite e vão ficar aqui para ajudar".

A Força Nacional de Segurança Pública foi criada pelo governo federal para atuar junto com as forças policiais estaduais em situações de emergência, como as rebeliões em presídios.