Grupo bloqueia Transamazônica para pedir asfalto da estrada e solução para usina de Belo Monte

19/06/2006 - 14h17

Ivan Richard
Da Agência Brasil

Brasília - Uma manifestação liderada por agricultores, pecuaristas e comerciantes bloqueou a rodovia Transamazônica, no norte do estado do Pará, para reivindicar o asfaltamento da estrada, a solução para o impasse da usina hidrelétrica de Belo Monte e medidas de apoio aos produtores de gado que viveriam uma crise pelos baixos preços dos produtos. Organizado pelo Comitê Pró-Desenvolvimento da Transamazônica e Xingu, o protesto impediu o funcionamento das agências bancárias no município de Altamira e causou congestionamento de aproximadamente oito quilômetros na rodovia.

De acordo com o coordenador do comitê, Vilmar Soares, devido às condições precárias da rodovia Transamazônica o comércio da região está sendo prejudicado pela dificuldade no escoamento da produção. "O rebanho da região com mais de 1,5 milhão de cabeças não tem como ser comercializado. Hoje, o quilo da carne, do boi em pé, custa em torno de R$ 1,80. O cacau também não tem como escoar sua a produção", afirmou Soares, que é membro da Associação Comercial de Altamira e do Lyons Club da região.

"O que estamos pedindo é a trafegabilidade da Transamazônica, estamos pedindo o ordenamento fundiário da nossa região. Estamos pedindo que o governo federal nos ofereça condições de desenvolvimento", explicou Soares. Segundo ele, os 11 municípios que compõem a região, cuja população chega a 314 mil pessoas, numa área de quase 260 mil quilômetros quadrados, ficam praticamente isolados devido aos enormes atoleiros que se formam na estrada durante o período de chuvas, de dezembro a junho.

Dados do Sistema Nacional de Emprego (Sine), do município de Altamira, mostram que a cada dia pelo menos 15 pessoas se cadastram na agência em busca de trabalho. "Altamira, hoje, tem mais de 14 mil desempregados. Temos uma população de 87 mil habitantes, isso é mais de 15% da população do município", argumentou o Vilmar Soares. "Precisamos de alternativas de desenvolvimento e investimentos sérios na região", completou. O Comitê Pró-Desenvolvimento da Transamazônica e Xingu, criado em maio desde ano e que reúne 170 entidades, pretende manter a manifestação até o final desta tarde.

No caso da usina hidrelétrica de Belo Monte, o comitê defende a realização dos estudos de impacto ambiental que estão suspensos pela Justiça. E, com isso, segundo Soares, buscar uma solução definitiva para o problema. O impasse se originou com o pedido do Ministério Público Federal (MPF), que denunciou que pelo menos cinco reservas indígenas (Arara, Kararaho, Koatinemo, Paquiçamba e Trincheira Bacajá) podem sofrer as conseqüências da construção da usina, mas seus habitantes foram ignorados.