Presidente do Conselho dos Direitos do Idoso defende mudança de cultura para combater violência

12/06/2006 - 12h25

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Abandono, humilhação e maus-tratos são as principais formas de violência contra o idoso. O assunto foi tema de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado e faz parte da programação do Dia Mundial de Combate à Violência Contra o Idoso, que será comemorado na próxima quinta-feira (15).

Para o presidente do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso (CNDI), Perly Cipriano, é preciso a conscientização e a mudança de cultura para combater a violência contra pessoas idosas. Segundo ele, o assunto preocupa porque, na maioria das vezes, as agressões ocorrem dentro de casa. "Ninguém tem condição de vigiar dentro da casa de alguém, mas é possível que o filho tome consciência, que o vizinho acompanhe, que a igreja ajude. A gente precisa criar uma cultura de respeito e valorização da pessoa idosa", disse.

Perly Cipriano lembrou que o Estatuto do Idoso prevê punição para pessoas que abandonem seus idosos. "Muitas vezes, os familiares levam o idoso para instituições de longa permanência e nem visitam", afirmou. "Às vezes, a violência ocorre até para que o familiar possa se apossar do patrimônio de uma pessoa idosa. Por isso, precisamos estar atentos e envolver a sociedade", acrescentou.

O presidente da Associação dos Membros do Ministério Público de Defesa do Idoso e de Pessoas com Deficiência, Paulo Roberto Ramos, disse que a violência contra o idoso é fruto da falta de informação dos integrantes da família. "Isso tem propiciado o aumento da violência cada vez mais significativo no seio familiar", disse.

Para a representante do Instituto Internacional de Prevenção à Violência (INPEA), Laura Mello Machado, a violência contra o idoso não vê raça, lugar ou classe social. "A violência existe em qualquer parte do mundo, em qualquer extrato social", disse.

Para ela, o combate deve ser feito também por meio do apoio à família. "A violência contra o idoso existe também porque a família brasileira está sem rede social para enfrentar a questão do envelhecimento. Se não dermos suporte à família brasileira, não adianta termos políticas de enfrentamento porque aquela família vai continuar maltratando os nossos idosos, especialmente o idoso dependente, que é aquele que tem maior risco", disse.

A denúncia de violência contra o idoso, segundo Perly Cipriano, pode ser feita ao Conselho Municipal ou Estadual do Idoso, ao Ministério Público, às defensorias públicas, à Ordem dos Advogados do Brasil, às assembléias legislativas ou ao Conselho Estadual de Direitos Humanos. "É preciso que se faça a denúncia e não deixe que fique em silêncio", lembrou.