Cortadores de cana de Goiás sofriam desidratação, cortes e até infarto, diz auditor do Trabalho

12/06/2006 - 16h57

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Nos últimos cinco meses, os funcionários da Agro Rub, empresa que contrata trabalhadores para o corte de cana, sofreram fratura de costela, trauma na coxa, paralisia facial, escoriações, corte no subcílio, trauma na mão direita, infarto do miocárdio, dores no peito, câimbra e desidratação.

O auditor do Trabalho e coordenador do grupo de Combate ao Trabalho Escravo que fez a inspeção, Dercides Pires da Silva, conta que essa lista de doenças e acidentes de trabalho ocorridos no corte da cana "são apenas alguns (problemas), os que foram causa direta do trabalho".

No último dia 15 um funcionário morreu atropelado dentro da empresa. A delegacia do Trabalho investiga o caso. O auditor classifica como "grande" o número de acidentes na usina que ocorrem, "normalmente, por negligência. Eles têm engenheiros e técnicos de segurança. É uma usina com estrutura", avalia.

Além dos acidentes ocorridos no local do trabalho, um dos alojamentos oferecido pela empresa foi fechado por falta de higiene e péssimas condições de moradia. O outro também vem causando danos à saúde dos trabalhadores. Dercides da Silva conta que os trabalhadores "dormem com a roupa de trabalho porque a temperatura à noite chega a 14 graus e eles não têm cobertor".

Os beliches têm altura irregular, as cozinhas estão a céu aberto e não há armários. A empresa será multada por cada uma das irregularidades, que somam 34. Os fiscais ainda não sabem dizer o valor da multa, mas a usina poderá recorrer e a decisão final caberá à Justiça do Trabalho.