Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Há 16 anos, em São Paulo, o pneumologista José Roberto Jardim criou o Núcleo de Apoio à Prevenção e Cessação do Tabagismo (PrevFumo), que funciona junto à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O programa se tornou uma referência em tratamento a fumantes no Brasil por alcançar 60% de sucesso no primeiro ano de tratamento, número que cai para 30% no segundo ano de tratamento.
Segundo José Roberto Jardim, os melhores centros do mundo têm em torno de 30% a 40% de sucesso. "Nós não estamos muito preocupados se a pessoa não conseguiu na primeira vez, porque sabemos que hoje a média mundial é de três a cinco tentativas para deixar definitivamente o cigarro", explica o médico.
Em entrevista à Rádio Nacional AM, ele falou sobre estatísticas que mostram: 24% da população adulta brasileira fuma. "Dados do Ministério da Saúde afirmam que em 1989 eram 32% de fumantes e hoje são 24%", comemora. "Hoje a maioria da população brasileira não fuma e a minoria que fuma é porque tem a dependência química."
De acordo com a técnica da Divisão de Controle de Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Vera Colombo, o consumo do tabaco está relacionado a 30% dos casos de câncer. Os principais tipos são o câncer de pulmão, boca, laringe, faringe, bexiga, colo de útero e pâncreas.
O cigarro também é responsável por 25% das doenças coronarianas, como infarto do miocárdio, angina e derrame cerebral, e 85% das doenças pulmonares obstrutivas crônicas, como enfizemas e bronquites.
"Na fumaça do tabaco existem substâncias tóxicas, como o monóxido de carbono, que fazem com que haja menos oxigenação no sangue e menos concentração de oxigênio circulando nas células", diz Vera.
A especialista também destaca o risco que correm os fumantes passivos. Segundo estudos internacionais citados por ela, as crianças que convivem com pais fumantes têm 50% de risco de adquirirem infecções respiratórias.