Ivan Richard
Da Agência Brasil
Brasília – O Brasil deve bater novo recorde na produção de cana-de-açúcar durante a safra 2006-2007. Um levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima a produção em 469,8 milhões de toneladas. Esse número superaria em 8,9% a safra anterior (2005-2006). Nos últimos 10 anos, houve crescimento de 54,7% na produção de cana-de-açúcar no Brasil.
De acordo com a Conab, o crescimento na safra 2006-2007 ocorrerá devido à ampliação e à abertura de novas usinas e destilarias para atender a fabricação de açúcar e álcool. Das 469,8 milhões de toneladas, 423,4 milhões de cana serão destinadas à industria sucoalcoleira, sendo 237,1 milhões de toneladas (50,5%) para a produção de açúcar, o que corresponde a 584,9 milhões de sacas de 50 quilos do produto.
Para a produção de álcool (hidratado, anidro e neutro), serão utilizados 186,3 milhões de cana-de-açúcar (39,6% do total), o que vai gerar 17,8 bilhões de litros. O restante da produção, 46,4 milhões de toneladas (9,9% do total), será destinado a outros fins, como a fabricação de cachaça, rapadura, ração animal e sementes para plantio.
Na avaliação do diretor da Conab, Silvio Porto, a safra recorde supre a demanda nacional por álcool e deve garantir a estabilidade nos preços. "Acreditamos que esse crescimento da safra vai permitir que tenhamos uma regularidade no fornecimento. O que pode trazer um desequilíbrio porque não teremos assegurado a real estimativa das exportações", pondera Silvio Porto.
"Mas dentro do crescimento dos últimos anos, acreditamos que o Brasil conseguirá atender a demanda externa colocada para esse próximo ano e também garantir a estabilidade dos preços e fornecimento interno."
Para o diretor da Conab, os preços do álcool devem ficar no patamar que se encontram hoje, de R$ 0,84 e R$ 0,96 centavos nas indústrias. O levantamento da companhia indicou ainda uma migração dos produtores de cana do Nordeste para as regiões Centro-oeste e Sudeste do país.
"No Nordeste, existe uma limitação da expansão da área", explicou Silvio Porto. Os agricultores que antes plantavam milho, soja e mandioca, além dos pecuaristas, estão agora plantando cana.
"A cana apresenta maior rentabilidade em relação a esses outros setores, principalmente em relação à pecuária devido ao problema com a febre aftosa que gerou queda real dos preços."
O estudo de campo da Conab foi realizado na primeira quinzena de maio e contou com a participação de 79 técnicos da companhia. Foram aplicados 548 questionários entre representantes de 430 entidades como usinas, destilarias, sindicatos, associações, órgãos públicos e privados.