Sistema de informações de gênero contribuirá para guiar políticas públicas, diz ministra

22/05/2006 - 14h25

Rio, 22/5/2006 (Agência Brasil - ABr) - O cruzamento das informações reveladas nos censos de 1998 e de 2000, reunidas no Sistema Nacional de Informações de Gênero, vai permitir desatar nós históricos que dificultam a inserção plena da mulher na sociedade brasileira. A avaliação é da ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.

"Nós podemos ver coisas que não víamos antes, como a evolução dos domicílios chefiados por mulheres e todos os indicadores que permitem avaliar as desigualdades no Brasil. A análise dos microdados dos censos permitirá a avaliação de variáveis e a construção, a partir daí, de uma base histórica de análise para acompanhar sua evolução ao longo do tempo", afirmou Nilcéa, que participou hoje (22) do lançamento do Sistema, desenvolvido em parceria com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Para a ministra, a partir das informações, é possível direcionar políticas públicas para as áreas em que elas sejam realmente necessárias, garantindo melhores resultados. Ela lembrou que um dos gargalos que precisam ser desfeitos é a entrada de mulheres no mercado de trabalho. E que as conquistas delas foram enormes na última década, como o avanço da escolaridade.

Nilcéa Freire criticou, no entanto, o crescimento limitado da carreira profissional das mulheres, ao afirmar que quanto maior a escolaridade delas, maiores são as diferenças entre mulheres e homens nos postos de trabalho. "É o chamado teto de vidro. As mulheres só crescem até determinado ponto na carreira", afirmou.

Como exemplo do que os governos podem realizar, ela citou a criação de um selo para distinguir empresas que adotem modelos de gestão baseados na igualdade de oportunidades. Inicialmente, disse, o governo federal trabalha com empresas públicas, mas pretende ampliar a certificação até o fim do ano para companhias privadas.

O Sistema Nacional de Informações de Gênero revelou um aumento de quase 37% no número de domicílios chefiados por mulheres no Brasil, quando comparados os anos de 1998 e 2000. A contribuição das mulheres no rendimento familiar também cresceu 56%, enquanto a taxa de analfabetismo entre as de 15 anos ou mais caiu – chegou ao mesmo patamar da população masculina, 13%.

Apesar desses avanços, as mulheres ganham em média 30% a menos que os homens, ocupam cargos de mais baixa qualificação e com condições mais precárias. A situação é ainda mais grave quando se leva em consideração a cor: a taxa de analfabetismo das mulheres negras e pardas em 2000 era o dobro da verificada em mulheres brancas.