Preços de mercado sobem depois de três meses de deflação

22/05/2006 - 11h24

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil

Rio - O Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) teve variação de 0,34% na segunda prévia de maio, segundo informou hoje (22) a Fundação Getúlio Vargas (FGV). No mesmo período do mês passado, o índice foi de -0,50%. Depois de três meses seguidos de deflação, houve alta nas três categorias de preços que compõe a taxa.

O Índice Geral de Preços por Atacado (IPA), responsável por 60% na formação do IGP-M, passou de -0,85% para 0,38%. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que corresponde a 30% do índice, passou de 0,13% para 0,18%. O Índice Nacional da Construção Civil (INCC), com peso de 10% na constituição do IGP-M, teve variação foi de 0,53% este mês, ante os 0,16% registrados abril.

A maior alta dos preços no atacado foi em matérias-primas brutas, com 3,82 pontos percentuais a mais na comparação com o mesmo período do mês passado. As maiores contribuições para a aceleração vieram do aumento de preços do milho (-8,38% para 5,82%), da soja em grão (-3,89% para 0,69%) e das aves (-6,95% para 2,28%).

De acordo com o coordenador de análises econômicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, Salomão Quadros, a diferença entre os índices anteriores e o divulgado hoje é conseqüência, principalmente, do fim da colheita. Até o mês passado, a safra, principalmente da soja e do milho, vinha sendo responsável por grandes quedas nos preços das matérias-primas para o atacado e também nos preços ao consumidor.

Quadros mencionou também a mudança de cenário em função dos preços da carne bovina. Passado o período abate, o produto está valorizado no mercado internacional. O frango começa a recuperar preços, depois das quedas registradas em conseqüência da crise provocada pela gripe aviária. "O que a gente tinha eram quedas muito fortes, que agora terminaram".

A taxa dos bens intermediários subiu de 0,27% em abril para 0,85% em maio. O destaque foram os combustíveis e lubrificantes utilizados na produção, que tiveram alta em função da valorização do petróleo no mercado internacional.

A única categoria de preços no atacado que teve decréscimo foi a de bens finais, que passou de 0,08% para -0,51%. O recuo foi causado pela desaceleração no preço do álcool combustível, que caiu quase sete pontos percentuais no período.

Nos preços ao consumidor, a variação de 0,18% no índice foi motivada pelas despesas com alimentação, determinadas, principalmente, pelo aumento de preços na carne bovina (-2,34% para 1,09%).

O Índice Nacional de Custo da Construção Civil que ficou em 0,53% por causa da elevação nos preços de Materiais e Serviços e nos salários pagos.

O IGP-M é calculado no Rio e em São Paulo com base nos gastos de famílias com renda mensal de até 33 salários mínimos e serve como parâmetro para a correção dos principais preços do mercado, como aluguéis e tarifas de energia elétrica e de telefone. A prévia divulgada hoje foi calculada a partir da coleta de preços realizada entre os dias 21 de abril e 10 de maio.