Seminário discute propostas para coibir tráfico humano e turismo sexual

17/05/2006 - 13h50

Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil

Recife- Juízes, policiais, representantes do Ministério Público, de organizações não-governamentais e de instituições internacionais participam, nos próximos dias, de um seminário para debater ações de combate ao tráfico de seres humanos e ao turismo sexual envolvendo crianças e adolescentes. O evento, que tem o apoio da embaixada da França no Brasil e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), acontece de hoje (17) até sexta-feira (19), em Recife (PE).

Segundo o coordenador geral de Defesa Institucional da Polícia Federal, Wilson Damásio, a idéia é buscar alternativas de enfrentamento desses dois tipos de crime, que representam violações aos direitos humanos.

Ele contou que uma das propostas é a criação de núcleos de psicologia e assistência social dentro das superintendências das polícias federais de todo o país para conscientizar as pessoas que estão sendo recrutadas por organizações criminosas com proposta de emprego no exterior sobre os riscos do negócio. "A abordagem será feita no momento em que as vítimas forem requerer os passaportes para viajar", disse, acrescentando que a cooperação com instituições internacionais é fundamental para combater as quadrilhas de organizações criminosas que financiam a prática desses crimes.

Damásio informou que as pessoas mais vulneráveis ao crime de tráfico de seres humanos são mulheres solteiras de 18 a 30 anos, com baixa escolaridade, histórico de violência doméstica e que vêm de famílias desestruturadas.

Na avaliação do adido da polícia da embaixada da França, Georges Bonnefont, a repressão a essas práticas deve ser feita por meio de iniciativas conjuntas da Justiça e da polícia brasileira com instituições da Europa, já que, segundo ele, vem desse continente o maior número de exploradores de mulheres.

O chefe da divisão de Direitos Humanos da Polícia Federal, Eriosvaldo Renovato, disse que o tráfico de seres humanos vem crescendo a cada ano. De acordo com ele, o Brasil ainda não possui estatísticas sobre esse tipo de crime, que é mais presente nos estados de Goiás e no Pará.
Sobre o turismo sexual, ele disse que a prática vem acontecendo de forma mais incisiva nos estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Bahia e Ceará.

Segundo Renovato, dentre as propostas apresentadas no semniário estão o envolvimento maior do poder público e de instituições da sociedade organizada com o problema, além de campanhas de conscientização da população nos meios de comunicação.