Estado não pode reagir de forma passional à violência, diz professora de direitos humanos

17/05/2006 - 19h04

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O poder público não pode reagir de forma passional à violência, apesar de ser natural que cidadãos esperem, do Estado, uma resposta dura aos ataques, avaliou a professora de Direito Constitucional e Direitos Humanos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Flávia Piovesan.

"A lógica passional humana não pode ser a lógica do Estado. Cabe ao estado filtrar este sentimento social e, com inteligência e racionalidade, avaliar quais são as medidas mais eficazes", afirma. "Firmeza, lucidez, serenidade e equilíbrio são fundamentais para evitar que se perpetue a irracionalidade da barbárie", opina.

A professora diz que a reação da população resulta da soma de dois fatores: a eficiência do crime organizado na disseminação do terror e a falência do sistema de segurança pública. Segundo ela, para enfrentar o crime organizado, é fundamental compreender seu alto grau de articulação e eficácia. "O grande problema e desafio é o grau de sofisticação do crime organizado. Ele enraíza, se infiltra, se transnacionaliza e conta com a promíscua participação dos agentes públicos", avalia.

Piovesan defende que seja buscada "justiça, não vingança". Também destaca como sendo fundamental a revisão da política de segurança pública, a reestruturação das polícias, a maior cooperação entre União, estados e municípios e o esforço conjunto dos três poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário). "Respostas isoladas, solitárias, atomizadas, jamais vão conseguir vencer o crime organizado", conclui.