Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba – O Brasil tem um prejuízo aproximado de R$ 21 bilhões por ano com gastos em acidentes de trabalho. Este número, resultado de pesquisa realizada pela Fundação de Economia da USP e que representa cerca de 4% do PIB brasileiro, é citado pelo chefe do Setor de Saúde e Segurança no Trabalho, do Ministério do Trabalho do Paraná, Sergio Barros, como uma catástrofe para o país, " uma verdadeira guerra, em que são feridos anualmente 380 mil trabalhadores e 1% desse total vai a óbito".
A última estatística realizada pelo Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho, em 2004, mostra que o número de acidentes de trabalho no Paraná, aumentou em relação a anos anteriores. De 35.185 acidentes com processos encerrados pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) depois de completado o tratamento e indenizadas as seqüelas, 212 trabalhadores morreram e 968 ficaram permanentemente incapacitados. Em 2003 haviam sido registrados 30.906 acidentes com 225 óbitos e que deixaram 846 pessoas inválidas.De 2003 para 2004 houve um aumento de mais de 4,3 mil acidentes de trabalho.
Levantamento realizado pelo Comitê Estadual de Investigação de Óbitos e Amputações Relacionadas ao Trabalho – formado por representantes de diversos órgãos e instituições, como o Ministério Público, secretarias estaduais, INSS e a Delegacia Regional do Trabalho, mostra que em Curitiba, de 1998 a 2005, foram investigados pela Secretaria da Saúde 716 óbitos, 365 amputações e 810 acidentes graves supostamente relacionados a atividades laborais.
A atualização e a exatidão desses dados , segundo Barros, se torna difícil porque menos da metade dos acidentes de trabalho que acontecem no Estado são notificados às autoridades. " E o grande número de trabalhadores no mercado informal faz com que esta estatística possa ser duplicada" – observa.
A representante do Ministério Público do Paraná no comitê, Roselene Sonda, defende a criação de um banco de dados que reúna informações dos diversos órgãos que atuam nesses casos, pois os números desencontrados dificultam que o governo adote uma política pública eficiente para reverter o quadro.
O aumento do número de acidentes no Paraná, nos últimos anos – em 2001 foram cerca de 24 mil, em 2003 saltou para 30 mil e em 2004, para 35 mil - pode ser atribuído, segundo o representante do ministério, à retomada da economia paranaense, que nos últimos dez anos teve seu PIB aumentado de R$ 35 para R$ 70 bilhões. "O processo de industrialização pode ter contribuído para esse aumento, principalmente nos setores madeireiro, moveleiro e agrícola". No interior do estado, grande parte dos maquinários é antiga e oferece riscos ao trabalhador, que na maioria das vezes não recebe o treinamento adequado.
Barros reclama do pequeno número de auditores fiscais para realizar o trabalho de orientação sobre segurança nas empresas. Segundo ele, em todo o Brasil são apenas 3 mil e no Paraná, são 140 fiscais mais 35 especialistas na área de segurança do trabalho. Cada um deles, atende uma média de 30 empresas por mês.