Bianca Paiva
Da Agência Brasil
Brasília – Apesar de já ter ratificado convenções fundamentais da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que tratam de trabalho escravo e igualdade de salários entre homens e mulheres, o Brasil continua sendo um dos países na América Latina com os piores índices em relação ao trabalho. A avaliação é da representante brasileira dos trabalhadores na XVI Reunião Regional Americana, Nair Goulart. O encontro vai acontecer entre os dias dois e cinco de maio em Brasília.
"Os salários das mulheres continuam sendo em média 30% menores do que os dos homens. Apesar do esforço, ainda temos milhões de crianças trabalhando, temos trabalho forçado no campo e o desemprego segue muito grande em todo o país. Infelizmente a gente continua sendo líder na América Latina de desigualdades sociais", afirmou.
O tema principal da reunião da OIT é a aprovação de uma agenda hemisférica que vai traçar metas para os próximos dez anos para garantir a criação do trabalho decente. Na opinião de Nair Goulart, só existe trabalho decente com direitos. "Direito à negociação coletiva, à sindicalização, à não discriminação, ao trabalho igual, o combate ao trabalho escravo e infantil que são os fundamente da OIT que vão dar condição da gente ter o trabalho decente".
Goulart disse ainda que "trabalhadores, empregadores e os governos da América Latina tem um papel importantíssimo na implementação dessa agenda, garantido o respeito a esses direitos básicos e fundamentais".
Segundo o representante brasileiro dos empregadores, Dagoberto Godoy, existem fatores no cenário empresarial que não favorecem a criação de empregos como "a competição que se impõe especialmente numa economia globalizada que exige máxima eficiência das empresas".
"Se essa máxima eficiência passa por tecnologias que utilizam menos trabalho humano a empresa é compelida a adotar esse caminho da chamada automação industrial. Carga tributária grande sobre o fator trabalho com contribuições indiretas, encargos sociais que realmente tornam o custo do trabalho alto sem que isso represente um maior ganho por parte do próprio trabalhador", disse.
De acordo com Dagoberto Godoy, a geração de empregos decorre do trabalho econômico. Ele afirma que essa é a "grande dificuldade do Brasil devido às deficiências estruturais e institucionais que criam um ambiente pouco favorável ao desenvolvimento dos negócios das empresas".
O representante dos empregadores explicou que o conceito de trabalho decente diz respeito, por exemplo, às condições de ambiente de trabalho, segurança no emprego, cobertura previdenciária e assistência à saúde. Para ele, "a maior dificuldade, dependendo da realidade sócio-econômica de um determinado país, é que essas condições se tornam inatingíveis em parte às próprias empresas, sob pena de inviabilizá-las na confecção do mundo globalizado".