Aloisio Milani e Bianca Paiva
Da Agência Brasil
Brasília – A Organização Internacional do Trabalho (OIT) vai apresentar no Brasil a proposta-base para uma agenda americana de incentivo ao trabalho de qualidade. O texto será apresentado pelo diretor-geral da OIT, Juan Somavia, na abertura da 16ª Reunião Regional da OIT, em Brasília. O documento sugere metas de crescimento econômico, formação profissional, saúde e segurança nos ambientes de trabalho e de diálogo entre governos, empregados e empregados.
A geração de "trabalho decente", conceito utilizado pela OIT, depende do crescimento econômico. Atualmente, muitos países da América Latina e Caribe não conseguem bons resultados em sua produção total de riquezas - Produto Interno Bruto (PIB). A sugestão é que os países busquem crescimentos anuais de pelo menos 5,5%. Só assim seria, segundo a proposta da OIT, possível gerar empregos de qualidade.
A diretora do escritório da OIT no Brasil, Laís Abramo, afirma que o crescimento econômico é necessário para a geração de emprego, mas não é suficiente. Para ela, é preciso melhorar a qualidade do crescimento econômico para que haja mais oportunidade de emprego. Ela também destaca a questão da educação no Brasil, a qual a média de escolaridade da população está bem abaixo à de países vizinhos como Argentina, Chile e Uruguai. Apesar disso, a diretora elogia a iniciativa brasileira de ampliar de oito para nove anos o ensino fundamental.
"É uma questão importante aumentar os anos de estudo, aumentar a permanência das pessoas na escola e melhorar a qualidade desse ensino, porque nós sabemos que muitas vezes existe a disponibilidade de vagas, mas a qualidade da escola pública tem muito que avançar", falou em entrevista à Rádio Nacional. "Acho que medidas como, por exemplo, ampliar o ensino fundamental para nove anos, são muito importantes, no sentido de elevação da escolaridade e também de ajudar a combater o trabalho infantil", completou.
Abramo disse ainda que o Brasil, por ser um país de dimensões continentais, apresenta desigualdades regionais muito grandes em relação ao trabalho. "Esse é um tema que tem que ser considerado. Quando a gente faz uma análise dos problemas no mercado de trabalho, temos que analisar as características diferenciadas por regiões. Combate ao trabalho escravo, por exemplo, se concentra na região Norte. Uma das recomendações que a OIT vem fazendo junto com a Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae), da qual faz parte, é a importância de aprofundar nos planos estaduais de luta contra o trabalho escravo".