Todos os acidentes de trabalho podem ser evitados, diz coordenador de saúde do trabalhador

28/04/2006 - 14h18

Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – No Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, o coordenador de saúde do trabalhador do Ministério da Saúde, Marco Perez, afirmou que todos os acidentes de trabalho podem ser evitados. "Todos acidentes de trabalho, sejam típicos, de trajeto ou doença do trabalho, são evitáveis", afirmou Perez hoje (28) em entrevista à Agência Brasil.

Ele destacou que o maior número de acidentes de trabalho registrados no Brasil são os típicos: "É aquele, por exemplo, em que o empregado que trabalha em uma metalúrgica, em uma prensa, se acidenta e tem o seu dedo, a sua mão, amputada ali na prensa". O acidente de trajeto é "aquele que ocorre quando o trabalhador está indo trabalhar e é atropelado, por exemplo", disse. As doenças do trabalho são aquelas adquiridas no emprego. "O indivíduo trabalha com amianto e desenvolve um câncer causado pelo amianto", exemplificou.

De acordo com ele, os acidentes típicos podem ser evitados a partir de um diálogo aberto e democrático entre empregador e empregado. "Muitas vezes o trabalhador tem medo de falar: ‘isso aqui está perigoso, mais cedo ou mais tarde eu vou me acidentar’. Ele tem medo de perder o emprego, o que prejudica o diálogo", ressaltou Perez.

Para evitar os acidentes de trajeto, segundo Perez, é preciso uma atitude social mais ampla, em que o empregador também deve colaborar. "Um exemplo concreto: havia uma indústria em que os trabalhadores desciam em um ponto de ônibus do outro lado da avenida onde ficava a indústria. E aí os trabalhadores atravessavam aquela avenida correndo e tinha muito atropelamento. A indústria fez uma parceria com a prefeitura e colocou ali uma passarela. Isso preveniu, acabou com os acidentes. Medidas desse tipo em que a comunidade discute com os empregadores ajudam e muito a evitar os acidentes de trabalho de trajeto", disse.

Perez afirmou que a lesão por esforço repetitivo (LER) é uma das doenças do trabalho mais comuns no Brasil. Mas, de acordo com ele, as doenças mentais também têm aumentado nos trabalhadores por sobrecarga de trabalho, como o stress, depressões e síndromes pós-traumáticas. "Uma pessoa que trabalha em um caixa de um banco, por exemplo, que tenha visto um colega ser assassinado em um assalto na agência. Ele pode não conseguir mais trabalhar".