Técnica considera índice de acidentes de trabalho problema de saúde pública

28/04/2006 - 12h22

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil

Brasília - No Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, os números mostram uma dura realidade. Só no Distrito Federal, foram 5.576 acidentes de trabalho em 2004. Desse total, 3 .969 foram dentro do local de trabalho, 1.004 no trajeto – na ida ou na volta do trabalho – e 603, relacionados a doenças desenvolvidas no trabalho, como as Lesões por Esforço Repetitivo (LER/DORT).

Os números foram divulgados pela gerente do Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), Cláudia Magalhães, e correspondem a acidentes de trabalho registrados no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A estatística não inclui acidentes com servidores públicos, militares e trabalhadores informais.

"Os acidentes vêm aumentando e nós consideramos os índices um problema de saúde pública, porque causam impacto no Sistema Único de Saúde (SUS)", disse Cláudia. Segundo ela, o INSS paga R$ 32,8 bilhões por ano em benefícios resultantes de acidentes de trabalho. "Isso é só o gasto de benefícios do trabalhador vinculado ao INSS, fora o gasto de tratamento de saúde, porque a maior parte dos trabalhadores não tem plano de saúde. Eles recorrem realmente ao SUS", acrescentou.

Cláudia destacou que, para reduzir os índices de acidentes, empregados, trabalhadores e governo devem fazer o dever de casa: o SUS deveria monitorar e notificar os acidentes de trabalho, os empregadores devem investir na segurança e os trabalhadores, procurar os seus direitos.

"Os acidentes de trabalho são totalmente previsíveis, isso é o que nos incomoda. Se nós investíssemos bastante na promoção da saúde e na prevenção desses acidentes, com certeza, os índices baixariam muito", afirmou. Segundo Cláudia, o Brasil já tem legislação suficiente para que isso aconteça.

"Falta um esforço dos empregadores de cumprir as leis; dos trabalhadores de se conscientizar de que têm esses direitos de proteção e ir atrás deles, e do Estado, de uma maneira geral, de prover a fiscalização desses ambientes de trabalho para verificar se eles estão de acordo com as leis", explicou.