Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio – A aproximação do julgamento do caso da Chacina na Baixada Fluminense (Queimados e Nova Iguaçu) – em que 29 pessoas morreram em março do ano passado – está fazendo com que os acusados briguem entre si para fugir de uma condenação. O promotor do Tribunal do Júri de Nova Iguaçu, Marcelo Muniz, que participou hoje (28) do interrogatório de dois dos policiais militares processados, informou que eles estão divididos em dois grupos.
Um dos grupos é formado por quatro acusados de participação direta nos assassinatos, que estão detidos no presídio especial da Polícia Militar fluminense: José Augusto Moreira Felipe, Carlos Jorge Carvalho, Julio César Amaral de Paula e Marcos Siqueira Costa. Eles tentam responsabilizar outros dois, que estão presos em batalhões comuns da corporação.
Apesar de também estar sendo acusado pelas 29 mortes, o policial Fabiano Gonçalves Lopes é um dos alvos dos quatro policiais. Isso porque Lopes teria colaborado com a Justiça, fornecendo informações que incriminavam seus colegas detidos no presídio. Com a delação, ele foi transferido do presídio especial para um batalhão comum.
Ao lado de Lopes, está o policial Gilmar da Silva Simão, que também colaborou com a Justiça e que só está sendo processado por formação de quadrilha, uma vez que foi preliminarmente inocentado da acusação dos 29 homicídios. Segundo o promotor Marcelo Muniz, a briga entre os acusados pode ajudar ao processo.
"Muitas das afirmativas, nós sabemos que são tentativas de evitar uma condenação. Mas toda vez que percebemos que há compatibilidade entre o depoimento e o que está no processo, certamente ajuda. E é a demonstração de um desespero, por conta da prova que existe no processo. Eles não iriam fazer isso, se não percebessem que a prova está fluindo no sentido de uma condenação", afirmou.
Além dos seis acusados, Ivonei de Souza também é processado no caso da Chacina da Baixada, por formação de quadrilha, assim como Simão. O julgamento dos suspeitos de participarem do episódio, ocorrido no dia 31 de março de 2005, nas cidades de Queimados e Nova Iguaçu, deve acontecer no prazo de três meses.