Norma Nery
Repórter da Agência Brasil
Rio - Identificar precocemente casos de câncer de olho em crianças, especializar profissionais no setor e desenvolver pesquisas sobre a doença. Essas ações preventivas serão desenvolvidas no Consultório Oftalmológico Infantil, inaugurado hoje (28), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca).
O consultório é o primeiro da especialidade no estado e foi equipado com aparelhos de última geração. Os custos para a implantação do serviço foram conseguidos através de doações e totalizaram aproximadamente R$ 350 mil.
No Brasil, ocorrem 15 casos de câncer de olho infantil por ano. Atualmente, mais de 100 crianças estão em período de acompanhamento no Inca. O diagnóstico precoce é essencial para identificar o retinoblastoma, tumor intra-ocular mais comum entre as crianças, principalmente abaixo dos três anos de idade.
Com o tratamento adequado, a doença pode ser curada, evitando-se a cegueira e a retirada do olho. A chefe da Seção de Oncologia Pediátrica do Inca, Sima Ferman, conta que várias causas são responsáveis pelo retardo do diagnóstico desse tipo de câncer. Entre elas, o desconhecimento dos pais e dos médicos pediatras e oftalmologistas sobre a doença, que muitas vezes é diagnosticada como catarata.
De acordo com a médica, um dos sintomas é o olho da criança ficar virado para um lado ou muito para fora. E um dos sinais mais evidentes da presença do tumor é o "reflexo do olho do gato". "Se você faz uma fotografia com aquela luz do "flash", o olho vai ficar com a pupila vermelha. Se ela ficar branca, tem que procurar alguém para ver se a coisa é séria ou não", explica Sima Ferman.
No novo consultório, serão treinados profissionais em Oncologia Ocular. O espaço possibilitará o aprofundamento dos estudos de aconselhamento genético. O retinoblastoma pode estar relacionado a um problema hereditário, que precisa ser identificado para os irmãos dos pacientes se submeterem a avaliação.
A inauguração do consultório oftalmológico infantil também foi marcada pela abertura da I Jornada de Retinoblastoma, reunindo mais de 200 profissionais de vários estados. A proposta do encontro é difundir informações sobre o tipo de tumor, já que grande parte das crianças que chegam ao Instituto Nacional de Câncer está em estágio avançado da doença.
