Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A indústria de transformação paulista manteve, em março, pelo quinto mês consecutivo, o ritmo de expansão da atividade. Houve uma alta de 1,1% do Indicador de Nível de Atividade (INA) sobre fevereiro último, descontando-se os efeitos sazonais (característicos do período).
Os dados são da pesquisa realizada em conjunto pela Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp). Na avaliação do diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas (Depecon) da Fiesp, Paulo Francini, esse crescimento sucessivo já é suficiente para se concluir que de fato está havendo "uma recuperação alinhada com a expectativa de um bom desempenho ao longo desse ano".
Na análise de Francini, esse resultado é conseqüência de três fatores básicos: queda na taxa básica de juros, a Selic, aumento da salário mínimo e dos investimentos públicos. Diante desse quadro, ele prevê crescimento em torno de 5,6% na indústria em 2006. Essa elevação, segundo ele, toma por base uma alta de 4% no Produto Interno Bruto (a soma das riquezas produzidas no país).
Entre os setores em ascensão, a pesquisa destacou Alimentos e Bebidas, com alta de 1,3% e máquinas e equipamentos com crescimento de 4,1%. O único setor apontado pela pesquisa com resultado negativo foi a de produtos químicos, petroquímicos e farmacêuticos que teve retração de 2%.
O economista Antônio Correa de Lacerda, diretor do Depecon do Ciesp, observou que o crescimento da economia brasileira reflete um cenário positivo também no mercado internacional. "As exportações continuam crescendo com uma alta de 30% só nas vendas de manufaturados paulistas". Ele citou que a economia cresce não apenas em nações como os Estados Unidos, mas também na Índia e China. No entanto, observou, existem problemas localizados, como empresas que estão sofrendo a concorrência externa com a entrada de produtos chineses.
A recuperação do salário real e queda do desemprego, além da expansão do crédito, foram apontados por Lacerda como impulsionadores do mercado interno. O economista defende que há espaço no mercado interno para ampliar mais o crédito "e isso deverá ser nos próximos meses e ano fator de aumento de demanda", acentuou.