Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife - O secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, defendeu hoje (27)
a mobilização social como forma de enfrentamento da violência. Durante seminário na sede da Fundação Joaquim Nabuco, ele disse que é preciso intensificar a capacitação de lideranças comunitárias para estabelecer o diálogo e construir ações de prevenção em conjunto com agentes públicos.
"Se tivermos uma boa relação com as comunidades, a repressão vai surtir melhor efeito porque será dirigida para atingir somente os criminosos e, não, a comunidade como um todo", afirmou o secretário nacional de Segurança Pública. Segundo ele, a forma de atuação na área sempre esteve centrada em ações de repressão. Agora, seria necessário encontrar um equilíbrio com iniciativas de prevenção.
"Nós não tínhamos uma política de segurança pública há 20 anos, saímos de um regime militar e os órgãos de segurança ficaram estigmatizados como repressores. Isso afastou os cidadãos, os formadores de opinião e o meio acadêmico, do tema. Assim, a violência urbana se instalou e a criminalidade se organizou, atingindo o caos que está hoje", avaliou Corrêa.
Para ele, as lideranças comunitárias podem trabalhar no sentido de solucionar os pequenos conflitos que resultam em atos de violência e até mesmo em um crime maio. No Rio de Janeiro, 190 pessoas participam de um treinamento há um ano para mediar de conflitos e indicar os jovens que devem ser alvo das ações de prevenção da violência dentro das comunidades.
O secretário de defesa social de Minas Gerais, Luís Flávio Saponi, um dos conferencistas do encontro em Recife, disse que a capacitação de lideranças já teve impacto positivo em Belo Horizonte. Na cidade, a incidência de homicídios diminuiu 30% nos últimos dois anos.
O resultado seria do investimento na integração das polícias Militar e Civil, que passaram a fazer o planejamento conjunto das ações, e ao projeto de prevenção social Fica Vivo. "Esse programa estabeleceu um plano de segurança nas comunidades, a partir da mobilização de lideranças e da oferta de atividades esportivas, culturais e artísticas para jovens parcialmente envolvidos com o tráfico de drogas. Essa é a receita que estamos adotando com sucesso", afirmou Saponi.