Conferência promove mudança de hábitos alimentares nas comunidades

27/04/2006 - 7h07

Milena Assis
Da Agência Brasil

Brasília – A estudante Albaniza Alves de Freitas, de 14 anos, não mudou apenas seus hábitos alimentares, mas os dos outros colegas da escola municipal Cecília Meirelles, em Várzea Alegre, no Ceará, onde estuda. A comunidade local também aderiu à mudança. Albaniza participou dos debates e ações sobre sociedade e meio ambiente, realizados durante a 1ª Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, em 2003, e que voltaram ao centro das discussões na 2ª Conferência, em Luziânia (GO).

"Quando comecei a estudar lá não havia horta e a gente comia bolacha seca. Começamos a fazer palestras para ensinar e incentivar as pessoas a plantar hortas. Nós, alunos, passamos a acompanhar o cardápio escolar e a merenda, e agora há proteínas, verduras e legumes que nos sustentam", diz Albaniza.

A estudante cearense disse que pensa em montar uma Com-Vida (Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida), grupo que trabalha com um determinado tema para ensinar a população a melhorar algum hábito. "Minha comunidade precisa mudar a alimentação, porque há muitas pessoas desnutridas e pobres que não sabem usar as cascas de frutas e verduras, por exemplo", contou.

Outro participante da Conferência, o estudante pernambucano Rafael Lenilson dos Santos, informou que mora no município de Glória do Goitá, na Zona da Mata, e é militante da organização não-governamental (ONG) Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta), com mais 180 jovens da região. A ONG incentiva o desenvolvimento dos territórios por meio das ações dos adolescentes: alguns trabalham na agricultura familiar, outros ensinam a comunidade a desenvolver alimentos no clima seco do sertão de Pernambuco.

"Nós ensinamos a plantar em tetos, reutilizar produtos da região, fazer caminhos produtivos, tudo o que for da agricultura familiar e desenvolvimento sustentável. Também fazemos palestras para o meio rural, insistindo para que eles não abandonem o campo e tirem o sustento dali", explicou, acrescentando que "o mais importante é colocar em prática tudo o que foi discutido na 2ª Conferência".

O coordenador do Programa Juventude e Meio Ambiente do Ministério do Meio Ambiente, Fábio Deboni, avaliou que a mobilização dos jovens em suas comunidades "mostra que cada um tem mudado também de vida".