Conferência de saúde indígena começa amanhã em Goiás

26/03/2006 - 16h34

Janaina Rocha
Enviada especial

Rio Quente (GO) – A 4ª Conferência Nacional de Saúde Indígena começa amanhã (26) com o desafio de produzir propostas para a segurança alimentar, nutricional e a sustentabilidade dos povos em seus territórios. "O índice de desnutrição infantil ainda é gritante, e a sustentabilidade dos povos está em risco pela ausência de condições de sobrevivência em suas terras", aponta a presidente do Fórum dos Presidentes dos Conselhos de Distritais de Saúde Indígena, Carmem Pankararu. O fórum é uma das entidades organizadoras do evento.

Segundo Carmem, a conferência deve subsidiar uma proposta de política em debate pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e os ministérios do Desenvolvimento Social, do Desenvolvimento Agrário e do Meio Ambiente. "Pela falta de alimentos nas áreas indígenas se pensa em ações emergenciais, mas não é isso que queremos. Nossa sobrevivência esta completamente ameaçada por falta de projetos que nos permitam produzir em nossas terras. Por essa falta de investimento no povo indígena", diz Carmem.

A doação de cestas básicas é um caso de ação emergencial. "Nenhum índio fica hoje satisfeito de receber cesta como assistência. Recebe pela emergência do momento. Mas não é satisfatório saber que uma cesta básica tem alimentos contados para alguns dias. E o resto? A gente precisa de ações que dêem oportunidade de produzir o alimento no dia a dia", exemplifica a líder indígena. "Segurança alimentar é isso, é ter a garantia dele todos dias, e não por dias contados."

A segurança alimentar, nutricional e a sustentabilidade é um dos cinco eixos de debate da conferência, que continua até o fim da semana. Cerca 1300 pessoas devem participar do encontro. Mais de 50% são indígenas.