Sociedade ainda evita diálogo com indígenas, aponta embaixador

21/03/2006 - 14h01

Keite Camacho
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Os povos indígenas precisam de diálogo. É o que avalia o embaixador Juan Leon Alvarado, presidente do grupo de trabalho encarregado da elaboração da Declaração Americana dos Direitos dos Povos Indígenas. Durante a abertura da 7ª Reunião para se chegar a um consenso sobre pontos da declaração, ele disse que há países que evitam o diálogo com os povos indígenas e vice-versa.

"É uma oportunidade para conversar e, sobretudo, é o que nos dá a garantia de que temos que ir devagar com a declaração porque, se fazemos rápido, alguns direitos podem ficar de fora", considerou.

O secretário-geral adjunto da Organização dos Estados Americanos, embaixador Albert Ramdin, disse que um estudo do Banco Mundial de 2005 constata que os povos indígenas representam 10% da população das Américas e é o grupo mais desfavorecido da América Latina.

"Na Bolívia e na Guatemala, por exemplo, mais da metade da população total é pobre, mas quase três quartos da população indígena são pobres. Os povos indígenas foram excluídos por período demasiado longo da vida política e econômica de muitas de nossas sociedades. Esse erro histórico começa a ser corrigido, à medida que grupos tradicionalmente marginalizados começam a participar do processo político, fazendo-se ouvir e exigindo mudanças", avaliou.

Ramdin pediu ainda aos delegados que encontrem "soluções para as questões pendentes e que avancem com precisão, com vistas ao projeto final de declaração".