Senador diz esperar comparecimento espontâneo de Palocci e Mattoso à CPI dos Bingos

21/03/2006 - 14h10

Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, senador Efraim Morais (PFL-PI), disse hoje (21) que espera o comparecimento espontâneo do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e do presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, à CPI para prestar esclarecimentos. "O ministro tem que aproveitar boa vontade da CPI e vir esclarecer os fatos que contradizem seu depoimento", afirmou o senador.

Na semana passada, em depoimento na comissão, o caseiro Francenildo Santos Costa disse que viu o ministro diversas vezes em uma casa alugada por Vladimir Poleto em Brasília. Poleto foi assessor de Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto (SP). O ministro negou, na CPI, que tenha estado na casa e a assessoria do Ministério da Fazenda reafirmou, após o depoimento de Francenildo, que Palocci nunca esteve na casa.

O depoimento do caseiro foi suspenso por uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), que aceitou argumento do senador Tião Viana (PT-AC) de que o depoimento não tinha objetivo definido na criação da comissão. "Estão entrando em questões de ordem pessoal", disse Viana, acrescentando que diversos contratos de Ribeirão Preto já foram investigados sem que se encontrassem irregularidades contra Palocci.

Além disso, a CPI quer esclarecimentos do presidente da Caixa sobre a quebra de sigilo do caseiro, que teve divulgados na semana passada seus extratos bancários, sem que isso tivesse sido autorizado.

Para tentar evitar novas contestações junto ao STF, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), está reunindo assinaturas para ampliar o foco de trabalho da CPI. Ele inclui no requerimento, por exemplo, investigações sobre irregularidades da administração de Ribeirão Preto e o assassinato do prefeito Celso Daniel. O senador disse acreditar que a ampliação do foco possa acabar com a "pendenga" com o Supremo. "E reforça a idéia de que há vontade política inabalável no Congresso para investigar", observou.

O presidente da comissão nega que as investigações estejam fora do foco e considera desnecessário requerimento para ampliação. Efraim Morais questionou por que a base governista não entrou antes no STF. "A verdade é que eles, o governo, não esperavam que a CPI chegasse aonde chegou. Agora, chegou a um ponto onde é difícil recuar", afirmou.