Organização internacional pede proibição da pesca de arrastão em alto mar

21/03/2006 - 14h14

Thaís Brianezi
Enviada especial

Curitiba – A organização não-governamental ambientalista Greenpeace pediu hoje (21), no segundo dia da 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-8), a proibição provisória da pesca de arrastão em alto mar.

"Das decisões que temos que tomar aqui, essa talvez seja uma das mais fáceis, mas que exige vontade política", afirmou o diretor de campanhas do Greenpeace Brasil, Marcelo Furtado. "Bastaria uma recomendação da COP para a assembléia-geral das Nações Unidas, indicando que a Convenção dos Mares [acordo internacional sobre o ambiente marinho] decrete a moratória dessa atividade."

De acordo com um relatório divulgado hoje pelo Greenpeace, houve redução de 90% na quatidade de peixes predadores grandes (tubarões, atum e marlins, por exemplo). O estudo revela ainda que 64% dos oceanos são áreas internacionais, onde a pesca está pouco regulamentada.

"É um problema recente. Antes não se pescava em alto mar, porque havia muito peixe na costa. E ir para o meio do oceano era caro, demorado", explicou o coordenador do estudo e pesquisador da Universidade de York, no Reino Unido, Callum Roberts. "Após a Segunda Guerra [que terminou em 1945] houve a expansão da frota pesqueira. E esses barcos passaram a fazer pesca de arrastão em mais de mil metros de profundidade."

"São poucos países que estão nesta atividade, então seria fácil fazer a fiscalização", opinou Furtado. "É um grupo seleto, mas que hoje vive um paradigma interessante. Não há ninguém controlando a atividade, mas o produto deles é vendido para todo e qualquer mercado."

Para o Greenpeace, essa proibição deveria ser válida até que os 188 países signatários da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) cumprissem a meta estabelecida em 2002: de proteger 40% dos oceanos com unidades de conservação, até 2012. Atualmente, apenas 1% está protegido. "Nessas áreas não poderia haver pesca, exploração de petróleo nem de gás", sustentou Roberts.

As decisões da COP-8 só ocorrem se houver consenso entre os países. A conferência vai até o dia 31 – e ainda não há data prevista para que o pedido do Greenpeace seja avaliado.