São Paulo, 21/3/2006 (Agência Brasil - ABr) - Condições mais favoráveis, tanto para quem financia quanto para quem solicita empréstimos para a compra da casa própria, devem fazer com que o volume de operações supere, neste ano, oo recorde do ano passado. A previsão foi feita pelo presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Décio Tenerello.
Segundo Tenerello, no ano passado, o movimento de contratações "foi o melhor dos últimos 11 anos. "Acreditamos que agora, em 2006, haverá um aumento entre 40% e 50%", afirmou.
Em fevereiro, os empréstimos praticamente dobraram em comparação com igual período do ano passado. As contratações cresceram 99,5% com a tomada de recursos no total de R$ 478,2 milhões contra R$ 239,7 milhões. Em janeiro e fevereiro, ano, as operações somam R$ 948,6 milhões, equivalendo ao financiamento de 11.902 imóveis pelas instituições do setor privado com recursos das captações de cadernetas de poupança.
Nos últimos 12 meses, o número de imóveis comercializados com esse tipo de operação chegou a 65.576. De acordo com Tenerello, neste ano, o número de casas adquiridas dessa forma deve atingir entre 70 mil e 75 mil.
Para ele, a demanda aquecida justifica-se em parte pela melhora na renda do trabalhador. "Houve um aumento real de salário, e isso aumenta a capacidade de endividamento". Outro fator que explica o crescimento da procura, segundo Tenerello, é a queda na taxa básica de juros (Selic), atualmente em 16,5% ao ano. "Com a redução da Selic, a cadeia do setor de construção civil é beneficiada, pode comprar material de construção mais barato e repassar para o preço final do produto".
Sobre o aumento da participação do setor privado nas operações, Tenerello disse que, com as mudanças nas regras de financiamentos, criou-se mais segurança tanto para o tomador dos empréstimos quanto para quem concede o crédito. "Com a introdução do chamado Patrimônio de Afetação, pela Lei 10.931, há hoje mais proteção para o usuário do sistema, que tem a garantia de que os recursos não serão desviados". Além disso, observou Tenerello, essa lei enterrou "a indústria de liminares daqueles que se valiam do pretexto de questionar na Justiça o valor das correções sobre os empréstimos". Agora, o devedor terá que pagar o valor principal da dívida enquanto é avaliada a contestação sobre os juros cobrados, explicou.
O orçamento previsto para o crédito imobiliário com recursos das cadernetas de poupança, neste ano, é de R$ 6,7 bilhões, mais R$ 2 bilhões a serem disponibilizados pela Caixa Econômica Federal. No ano passado, foram R$ 4,7 bilhões. No geral, o financiamento habitacional no país deverá atingir R$ 19 bilhões, segundo estimativa do Ministério das Cidades.