Crédito e desvalorização do dólar impulsionaram vendas, analisa economista do IBGE

21/03/2006 - 15h45

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil

Rio – A tendência de crescimento no comércio varejista que é verificada desde outubro de 2005, segundo o economista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Reinaldo Pereira, é movida principalmente pela ampliação da oferta de crédito. "O aumento no volume de vendas se deve, principalmente, a uma nova tendência de mercado: a ampliação do crédito para aquisição de bens não duráveis", disse. Ele citou como exemplo, os cartões de crédito operados pelas próprias redes de estabelecimentos.

O IBGE divulgou hoje (21) pesquisa que registra alta de 6,54% no país em janeiro de 2006, em relação às taxas registradas no comércio varejista em janeiro de 2005. Sete das oito atividades que têm seus dados incluídos na pesquisa do IBGE tiveram crescimento nas vendas, quando comparados os dados de janeiro deste ano com os do mesmo período do ano passado.

A desvalorização do dólar em relação ao real foi, segundo o economista, o que gerou o aumento de 112,77% - o mais significativo, na pesquisa – nas vendas do setor de equipamentos e material para informática e comunicação, em relação a janeiro de 2005. Para Reinaldo Pereira, a alta também pode ser atribuída às facilidades de crédito, mas a desvalorização influencia muito os negócios na área de informática.

Outro segmento que registrou crescimento em relação ao mesmo período do ano passado, embora ficando abaixo da média de 6,84%, foi o de hipermercados, supermercados e produtos alimentícios. O índice de 4,85% alcançado pelo setor se deve, segundo o economista do IBGE, a melhora do nível de ocupação e renda da população, registrada no início deste ano pela Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto.

A única atividade pesquisada que teve variação negativa na comparação com janeiro de 2005 foi a de combustíveis e lubrificantes, com queda de 8,62%. O desempenho negativo do segmento vêm sendo observado há 13 meses. Segundo o economista do IBGE, o motivo da variação é mesmo que o registrado na comparação com o mês de dezembro – o aumento nos preços de combustíveis.

Reinaldo Pereira destacou ainda que o segmento de Material de Construção, que faz parte do comércio varejista ampliado, teve queda de 2,15 nas vendas. O setor fechou o ano de 2005 com um desempenho negativo acumulado de 6,07% e a trajetória de queda vem sendo observada desde março do ano passado. Para o especialista, os índices são fruto do pequeno crescimento da atividade econômica no país, que se reflete em menos investimentos na área da construção civil.